26 outubro 2008

Revolução Cuba

Mapa das Américas

Mapa de Cuba


A República de Cuba é atualmente o único Estado socialista das Américas.
Cuba foi uma colônia espanhola até 1898, quando houve a guerra entre Espanha e EUA. Até 1902, Cuba foi dependente dos EUA, após essa data passou mais trinta e um anos como protetorado estado-unidense.


Cuba e a guerra entre Espanha e E.U.A. em 1898

A rebelião de 1895, instigada em Cuba pelo patriota José Martí contra o domínio colonial espanhol, teve a adesão imediata da opinião pública norte-americana por entenderem-na como uma guerra justa, favorecendo aqueles políticos e jornalistas que há muito pregavam a necessidade dos Estados Unidos anexarem a bela ilha caribenha, terra do açúcar e do tabaco, aos interesses norte-americanos. Tudo isso fez com que os Estados Unidos se envolvessem na sua primeira guerra fora do território continental: a guerra de 1898 contra o império espanhol.

As ilhas de Cuba e de Porto Rico, situadas no Caribe, eram os últimos vestígios do império espanhol no continente americano. Findava o século XIX e a rica e estratégica ilha de Cuba ainda não havia conseguido obter sua independência. Mas em 1895, graças ao esforço de um dos mais notáveis libertadores latino-americanos, José Martí, e sua conclamação à luta feita pelo grito de Baire, iniciara-se a batalha final. Denominado "El Apostol", Martí, a verdadeira alma do movimento por uma república cubana, era um hábil jornalista, incansável orador, fundador e organizador do Partido Revolucionário Cubano, arma política da emancipação da ilha. Apesar dele ter sido mortalmente ferido logo no início do levante antiespanhol, a rebelião dos mambises, como os rebeldes nacionalistas se chamavam, teve prosseguimento por meio de uma tenaz luta guerrilheira. Após a morte de Martí, a chefia militar dividiu-se entre os generais Gómez e Maceo, em cujas filas lutavam negros e brancos, armados por expedições piratas saídas dos Estados Unidos e que a marinha espanhola não conseguia interceptar. Nesta guerra, tornaram-se célebres os métodos repressivos aplicados pelo general Valeriano Wyler, que não hesitou em criar campos de concentração para isolar a guerrilha do seu apoio social.

Quando a guerra contra os rebeldes cubanos já entrava em seu segundo ano, o governo do ministro espanhol Sagasta destituiu o general Wyler e deu a Cuba um governo autônomo, o que desgastou a facção dos unionistas, que não desejavam a separação com a Espanha. A confusão reinante no país serviu como pretexto para que o presidente dos Estados Unidos, McKinley, enviasse para Havana o encouraçado Maine para "proteger as vidas e propriedades americanas", fazendo com que o envolvimento do seu país no conflito fosse cada vez mais intenso.

A cobiça americana pela ilha de Cuba

A idéia de que a ilha de Cuba, "a pérola do Caribe", era uma espécie de prolongamento do litoral norte-americano, um quase quintal dos interesses nacionais, já fazia parte do jingoísmo americano pelo menos há mais de meio século. Senão desde os tempo em que Thomas Jefferson, por volta de 1803, tentou comprar a ilha do governador espanhol local. O New York Sun, em 1847, afirmava ser a ilha não só "o jardim do mundo" como "a chave do Golfo". Para os Knights of the Golden Circle (Os Cavaleiros do Círculo Dourado), uma associação secreta sulista, organizada em 1854, a ilha era apenas uma peça no sonho deles de construir um império caribenho que abarcaria além naturalmente dos estados sulistas dos Estados Unidos, a anexação da maior parte do território do México, o Caribe, a América Central, incluindo até a Venezuela e a Colômbia. Tratava-se de uma vastíssima extensão de terras, dominada por grandes proprietários voltados todos à exploração de um reino escravocrata, dedicado à produção do tabaco, açúcar, do arroz e café.


E, no transcorrer do século XIX, muitos membros da oligarquia cubana viam nos Estados Unidos um sólido protetor da manutenção da escravidão e da monocultura açucareira, onde estavam investidas suas fortunas. Assim, se a Espanha tentasse abolir a ordem vigente, ameaçavam solicitar a anexação da ilha por parte dos Estados Unidos. Foi com tristeza que assistiram à derrota dos confederados na guerra civil, pois com eles naufragava a possibilidade da perpetuação da escravidão em Cuba.


A corajosa luta dos revolucionários cubanos para obterem sua independência colheu imediata simpatia junto à opinião pública norte-americana. No entanto, esta simpatia terminou sendo canalizada por grupos jingoístas liderados principalmente por Theodore Roosevelt e pelo dono de uma cadeia de jornais da imprensa marrom W. R. Hearst. Estes viram na rebelião a possibilidade dos Estados Unidos controlarem não apenas a ilha de Cuba, mas todo o Caribe.
Certamente pesara na adoção da política intervencionista o aumento dos interesses norte-americanos em Cuba, onde cerca de 50 milhões de dólares estavam investidos no açúcar e em indústrias extrativas, sendo que o comércio, já em 1893, ultrapassava a marca de 100 milhões de dólares, fazendo com que os mais variados negócios e interesses de navegação dependessem dele3. Era a grande oportunidade. O governo McKinley rapidamente avançou para posições mais belicosas.

Em setembro de 1897, o presidente norte-americano havia oferecido seus bons ofícios para pacificar a ilha. No entanto, a explosão do Maine, que estava ancorado na baía de Havana, em 15 de fevereiro de 1898, tornou a situação inconciliável. Como sempre ocorre nessas ocasiões, a tragédia que engolfou o encouraçado serviu como faísca para uma explosão belicista por parte da opinião pública norte-americana. As 260 vítimas da catástrofe foram servidas numa grande travessa para o jantar dos jingoístas de Washington. Era preciso vingá-las! Mesmo com a oposição do presidente McKinley, o confronto passou a ser inevitável, fazendo com que este terminasse por enviar a mensagem de guerra ao Congresso. O ato provocou grande regozijo nacional, pois a campanha contra a Espanha era vista como uma generosa dádiva do "império benéfico" para com o sofredor povo cubano. Como resultado deste estado de espírito, foi aprovada a emenda Teller, pela qual os Estados Unidos renunciavam a "qualquer intenção ou disposição de exercer soberania, jurisdição ou controle sobre a dita ilha". Atendendo ao apelo para a convocação militar, duzentos mil voluntários se apresentaram, dos quais apenas 18 mil foram realmente empregados. A campanha foi curta e vitoriosa, durando ao todo menos de oito meses. Desembarcadas nas ilhas, as forças norte-americanas passaram rapidamente à ofensiva, derrotando as esquálidas forças ibéricas em Las Grasimas, El Caney e San Juan, onde Roosevelt chefiou seus "Bravos Cavalheiros" numa carga que lhe abriu as portas da Casa Branca.
A esquadra americana, por sua vez, pôs a pique o que restava da força naval espanhola na Baía de Santiago em 19 de maio de 1898. A fuga do almirante Cervena a nado encerrava com um melancólico epitáfio, o domínio espanhol na região, domínio que se estendera por mais de quatrocentos anos desde a chegada da esquadra de Colombo em 1492.
Pouco mais de cem dias após a declaração de guerra, o Presidente McKinley ditava a paz com a Espanha, em 30 de julho. Posteriormente, pelo Tratado de Paris, a Espanha renunciava a Cuba, Porto Rico e Filipinas. O velho império espanhol cedia seu lugar ao novo imperialismo.


Cuba e Porto Rico a um passo da recolonização

Quanto a Cuba em si, terminaria por confirmar os temores de Martí, que sustentava que um país que tem sua base econômica num só cultivo se vende a si mesmo como escravo. Situação concreta, ressaltada em 1901 pela Emenda Platt à Constituição cubana, pela qual se concedia aos Estados Unidos o direito de intervir nos assuntos internos da nova república, negando à ilha, bem como à vizinha ilha de Porto Rico, a condição jurídica de nação soberana. Para não pairar dúvidas sobre a situação que Cuba se encontrava depois da Guerra Hispano-americana, as autoridades militares ianques nem se deram ao trabalho de convidar os chefes dos guerrilheiros cubanos que haviam lutado pela independência, ombro a ombro com eles, para a cerimônia da rendição dos oficiais espanhóis, em Havana. O destino final desta "revolução frustrada" de Martí se fez pela revolução fidelista sessenta anos depois, tendo como objetivo a redenção da soberania econômica e política de Cuba.

Che Guevara: vida e morte de um revolucionário, na sua luta em Cuba: a guerrilha: 1956-9

A Cuba dos anos cinqüenta era uma semicolônia norte-americana. Sua luta pela Independência, iniciada em 1895, provocara a intervenção dos ianques que derrotaram a Espanha, na guerra de 1898, fazendo com que a ilha se tornasse um prolongamento dos seus interesses no Caribe. A agricultura era quase que exclusivamente dedicada ao açúcar, que representava 50% da safra e 80% das exportações. Um em cada cinco cubanos dependia da cana-de-açucar. Quase todas as usinas eram americanas e os Estados Unidos absorviam a metade da sua produção.

A pseudoindependência que obtivera, especialmente depois da rescisão da Emenda Platt, em 1934, não alterou o perfil monocultural da sua economia. Muito do nacionalismo extremado dos cubanos, manifestado pela radicalidade dos acontecimentos a partir de 1959, deve-se a essa situação de dependência.. Mantinham uma relação de respeito e ódio pelos americanos. Quando Fidel Castro se insurgiu, ele reivindicava o retorno à constituição democrática de 1940 que havia sido aviltada pelo golpe militar de Batista. Não cogitava nenhum tipo de revolução social, muito menos converter a ilha num regime comunista.

O Granma, ao se aproximar do litoral cubano, em 2 de dezembro de 1956, encalhou. Os insurgentes perderam grande parte do material. O pior, porém, ainda estava por vir. Dias depois foram pegos numa emboscada pelo exército do ditador em Alegria del Pio. Quase foram dizimados. Menos de vinte homens sobreviveram para chegar ao alto da Sierra Maestra para juntar-se a Fidel Castro e dar inicio ao combate.
Foi nessa ocasião que Guevara, agora chamado definitivamente de Che, deixou de ser médico para tornar-se guerrilheiro. Em pouco tempo mostrou-se extremamente capaz de comandar homens e, apesar de ser estrangeiro, ganhou a admiração e respeito dos cubanos. Fidel Castro conseguiu não só sustentar-se no alto da Sierra como articular-se politicamente com a maioria das forças oposicionistas contra Batista. Até a simpatia da opinião pública americana ele atraiu ao mostrar-se um jovem idealista lutando contra uma ditadura corrupta latino-americana. Depois do fracasso de várias tentativas de liquidá-lo, feitas pelo exército e pela aviação de Batista, feitas em 1957-8, Fidel deu ordem a que duas colunas de guerrilheiros se lançassem na ofensiva. Uma era liderada por Camilo Cienfuegos e a outra por Che Guevara. O acontecimento mais espetacular se deu quando Che Guevara tomou Santa Clara, a penúltima cidade antes de chegar-se à capital. Ao saber da queda da capital provincial, Batista fugiu de Cuba no dia 1º de janeiro de 1959. Uma semana depois, após uma marcha triunfal, Fidel Castro entrou em Havana. Aparentemente um milagre ocorrera. Um pequeno grupo de gente decidida havia derrotado um exército apoiado por Washington.

O comprometimento de Fidel Castro em favorecer os camponeses que aderiram à Revolução fez com que ele se lançasse na Reforma Agrária, que se tornou dali em diante a fonte dos atritos com os proprietários de terra e com as empresas norte-americanas, naturalmente, com as classes médias que começaram a exilar-se em Miami. A lª Lei da Reforma Agrária foi promulgada em maio de 1959, seguida de uma série de outras que culminaram em 1964, expropriando as grandes fazendas e usinas. Em represália, os americanos cortaram o fornecimento de petróleo para a ilha de Cuba. Fidel Castro reagiu importando-o da URSS. As refinarias americanas negaram-se a refiná-lo. Fidel Castro expropriou-as.

Em pouco tempo a guerra econômica transformou-se numa guerra de fato. O governo americano decidiu depor Fidel Castro. No dia 15 de abril de 1961, cubanos exilados, treinados pela CIA, desembarcaram na Praia Girón, vindos da Nicarágua. Foi um fracasso. Fidel Castro conseguiu cercá-los, levando 1.180 invasores à rendição.

Che Guevara, que tornara-se comandante da fortaleza La Cabaña, onde seguramente mais de 500 seguidores da ditadura de Batista haviam sido fuzilados, não tomou parte diretamente nos acontecimentos da Praia Girón. Um ano antes, em 1960, ele aprontara um pequeno livro que iria ter largas e desastrosas conseqüências políticas na vida futura latino-americana: “A Guerra de Guerrilhas” (La guerra de guerrillas). Baseado na experiência cubana, afirmava que um grupo decidido, representando “as forças populares”, poderia vencer um exército convencional. Não seria necessário esperar que ocorressem “as condições gerais objetivas” para isso. Se uma vanguarda armada se instalasse na zona rural e recebesse apoio dos camponeses, ela seria a faísca que incendiaria o país. Era uma espécie de maoismo adaptado à América Latina. Guevara caiu numa ilusão voluntarista na qual o exemplo cubano, que, na verdade revelou-se uma exceção, poderia ser aplicado universalmente, pelo menos entre as nações do Terceiro Mundo. Tinha certeza de que o que ocorrera em Cuba era o surgimento de uma vanguarda que iluminava o caminho da revolução para todo o resto. Para ele “a revolução pode ser feita, no momento certo, em qualquer lugar do mundo.... Até em Córdoba pode-se fazer uma guerrilha”. Dessa forma lançou a chamada teoria do foco revolucionário, ou foquismo, que, posteriormente foi desenvolvida, com maior acabamento teórico, num livro de Régis Debray “A Revolução na revolução” (La révolution dans la révolution), de 1967.

Che foi nomeado presidente do Banco Nacional de Cuba e depois Ministro da Indústria. Sua mentalidade econômica, inspirada no modelo soviético da época de Stalin, era extremamente centralizadora, concretizada no seu Sistema Orçamentário, onde as atividades das empresas estatais seriam regidas por um controle único. Isso tornou-se fonte de divergências com Raul Castro e outros técnicos soviéticos que começaram a chegar a Cuba, e que defendiam um sistema de maior independência empresarial, conjugada com estímulos materiais. Técnicos esses que cada vez tinham maior ascendência conforme a ilha se atritava com os E.U.A. Che imaginava possível escapar, com auxilio dos países do Bloco Socialista, da “maldição do açúcar”. De poder tornar Cuba industrialmente auto-suficiente. O que se revelou impraticável. Em 1964 os cubanos assinaram um tratado com os soviéticos, atrelando a ilha de volta à produção de cana. Outro ponto de atrito foi a questão dos estímulos materiais. Che, como quase todo idealista, acreditava que as pessoas deveriam trabalhar apenas motivadas por estímulos morais. A dedicação à causa, o amor ao coletivo e o espirito de solidariedade seriam os combustíveis básicos da nova sociedade. Expressou esse sentimento num ensaio chamado “O socialismo e o homem novo em Cuba” (El socialismo y el hombre nuevo en Cuba), publicado em 1965, onde defendia que o processo de transição para o socialismo deveria ser acompanho por uma mudança psicológica e moral: o surgimento de um homem novo desprendido do interesse material. Para tanto “a sociedade em seu conjunto deveria converter-se numa grande escola”.

Che decepcionou-se com os soviéticos em duas ocasiões. A primeira foi durante a gravíssima crise dos mísseis, de outubro de 1962, quando Krushev, o 1º Ministro da URSS, evitando um enfrentamento direto com o governo Kennedy, que poderia redundar numa guerra nuclear. Sem consultar Fidel, o líder soviético aceitou retirar os mísseis que ele instalara secretamente em Cuba, a pretexto de defendê-la contra uma eventual ataque americano. E, a outra, quando discursou em Argel, em 1965, criticando o Bloco Socialista, liderado pelos soviéticos, de impor regras comerciais que não se diferenciavam dos países capitalistas. Além disso, o rumo interno cada vez mais liberalizante da sociedade soviética que se somava à política da “coexistência pacífica” com o capitalismo, proposta por Krushev, soava aos ouvidos de Guevara, como aos chineses de Mao Tse-tung, como o abandono da causa da revolução. Ora, na medida em que Cuba, cada vez mais dependia para a sua subsistência das suas relações com a URSS, a posição de Che Guevara ficou insustentável.


Baía dos Porcos
Entre 17 e 21 de Abril de 1961, cerca de 1500 exilados cubanos recrutados, patrocinados e treinados pela CIA dos Estados Unidos tentaram uma invasão frustrada na Baía dos Porcos.

Crise dos mísseis de Cuba
Devido a aproximação das relações do regime cubano com a URSS, que estava em plena Guerra Fria com os EUA, assiste-se a um aumento de tensão entre os países provocado pelo apoio militar declarado pela URSS. Khrushchev decide implementar secretamente um conjunto de mísseis soviéticos em Cuba. Perante a possibilidade de Cuba possuir armas nucleares, de origem russa, que ameaçariam os EUA - Kennedy , presidente dos Estados Unidos, pondera invadir a ilha ou bombardear as rampas de lançamento (dos mísseis). Opta, no entanto, por decretar um embargo naval à ilha o que impede os cargueiros russos de chegar a Cuba. Khrushchev acaba por ceder e afirmar que retira a sua pretensão de possuir mísseis em território cubano.

Embargo econômico
Inconformados com a expropiação de corporações americanas e de terras rurais de posse de americanos na ilha castrista sem indenização primeiramente, depois com o fracasso da operação na Baía dos Porcos (1961), os Estados Unidos impuseram um embargo econômico a Cuba, ameaçando cortar relações com qualquer país que fizesse comércio com Cuba. Foi quando a União Soviética entrou em cena, comprando os produtos que seriam exportados caso não houvesse embargo. Isso causou desespero aos americanos, pois ter um país, durante a guerra fria, sob a órbita de influência soviética a 120km de distância era intolerável. Os EUA mantêm o embargo econômico à Cuba até hoje, alegando desrespeito contínuo de direitos humanos pelo regime castrista.

Abertura dos mercados
Com o fim da União Soviética, Cuba acabou por reabrir economicamente o país para o mundo, pois já não dispunha mais do subsídio e sua economia estava em declínio. Porém, dada a força do bloqueio econômico estado-unidense, o país vive isolado economicamente, passando por muitas dificuldades.




Fidel Castro


Político cubano (1926-). Lidera a Revolução Cubana em 1959 e, desde então, governa o país. Filho de um rico fazendeiro espanhol, Fidel estuda Direito e começa a se destacar na política em manifestações contra o ditador Fulgêncio Batista. Como advogado, defende gratuitamente camponeses, operários e prisioneiros políticos. É preso em 1953, depois de uma tentativa de golpe, e condenado a 15 anos de prisão. Anistiado em 1958, vai para o México onde arquiteta um novo golpe contra Batista. Volta a Cuba e instala um quartel rebelde em Sierra Maestra. Em dois dias de luta contra o exército, derruba o governo e toma o poder. Grande orador, ganha apoio da população insatisfeita com o ditador.
Inicialmente sem clara definição ideológica, o movimento rebelde era famoso simplesmente por querer derrubar a ditadura de Batista. À medida que seu governo toma rumo socialista, com grande influência do argentino marxista Che Guevara, Fidel se opõe também aos Estados Unidos, que decretam o bloqueio comercial ao país em 1960 e rompem relações diplomáticas em 1961. Isolada do Ocidente, Cuba passa a depender economicamente da União Soviética e transforma-se definitivamente em um país de regime socialista.
Com o colapso da União Soviética, Fidel admite a necessidade de reformar a economia cubana, devastada por uma longa e persistente crise, e adota procedimentos clássicos de regimes capitalistas, especialmente a formação de joint ventures com empresas estrangeiras. Mesmo assim, declara à imprensa em dezembro de 1994 que não pretende transformar Cuba numa democracia de estilo ocidental.


Crise dos mísseis
A crise do mísseis consistiu em um enfrentamento entre as duas superpotências, Estados Unidoes e URSS, quando esta última decidiu instalar mísseis nucleares em Cuba. Os EUA efetuaram um bloqueio naval a ilha e a URSS desistiu e voltou atras.
Mediante o “Plano Mangosta” se dispôs uma sucessão de operações de agressão que não descartava a intervenção militar direta.
Isto conduziria a uma grave crise internacional no mês de outubro de 1962, ao conhecer a instalação de foguetes soviéticos na Ilha.
Os compromissos mediantes os quais se deu solução à crise, não puseram fim às praticas de agressão dos Estados Unidos.







Bibliografia


Anderson, Jon Lee - Che Guevara, uma biografia - Rio de Janeiro, Editora Objetiva, 1997

Castañeda, Jorge G. - Che Guevara,a vida em vermelho - São Paulo, Cia. das Letras, 1997

Debray, Regis - La révolution dans la révolution, Paris, François Maspero, 1967

Deutschmann, David - Che na lembrança de Fidel - Rio de Janeiro, Casa Jorge Editorial, 1997

Guevara, Ernesto Che - El socialismo y el hombre nuevo - México, Siglo XXI, 1979, 2ª ed.

Karol, K. S. - Los guerrilleros en el Poder - Barcelona, Editorial Seix Barral, 1972

Löwy, Michael - El pensamiento del Che Guevara - México, Siglo XXI, 1978, 9ª ed.

Mires, Fernando - La rebelión permanente: las revoluciones sociales en America Latina, México, Siglo XXI, 1988

Rojo, Ricardo - Meu amigo Che, Rio de Janeiro, Editora Civilização brasileira, 1968

Taibo, Paco, e outros - O ano que estivemos em lugar nenhum - São Paulo, Editora Escritta, 1997

Thomas, Hugh - Cuba, Barcelona-México, Ediciones Grijalbo, 1973, 3 vols.

Szulc, Tad - Fidel: um retrato crítico - São Paulo, Editora Best seller, 1987


Citações:

1 CARR, R. España (1808-1939). Barcelona. Ariel, 1979, p. 369.
2 THOMAS, H. Cuba. Barcelona: Grijalbo. V.I, p. 289 e segs.
3 MORRISON & COMMAGER. Op. cit., p. 450.
4 HOFSTADER, R. Cuba, Philippines and Manifest Destiny. In: The Paranoid Style in American Politics. Nova York: Randon House, 1967, p. 145 e segs.
5 CARR, R. Op.cit. p. 369, também em Beard, C & M. História de la Civilizacion de los Estados Unidos de Norte América. Buenos Aires: Kraft, v. IV, p. 13.

22 outubro 2008

Guerra do Vietnã



Mapa mundi



Mapa Vietnã

De natureza ideológica, foi o mais polêmico e violento conflito armado da segunda metade do século XX. Contou com a determinação das guerrilhas do Vietnã do Norte, para derrotar o governo do Vietnã do Sul. Estendeu-se em dois períodos distintos.
No primeiro, deles, as forças nacionalistas vietnamitas, sob orientação do Viet-minh (a liga vietnamita), lutaram contra os colonialistas franceses, entre 1946 a 1954 a chamada guerra da Indochina.
A Indochina, região assim chamada por ser uma zona intermediária entre a Índia e a China, ocupava uma península do sudoeste asiático e está dividida entre o Vietnã (subdividido em Tonquim e Conchinchina), o Laos e o reino do Camboja. Toda essa região caiu sob domínio do colonialismo francês entre 1883 e assim ficou até a ocupação japonesa, entre 1941-45.
Com a queda da França em 1940, formou-se o governo colaboracionista de Vichy, aliado dos nazistas. Em vista disso os japoneses permitiram uma certa autonomia administrativa feita por franceses. Mas em 1945, com a derrota do Japão, os franceses tentaram recolonizar toda a Indochina. Ho Chi Minh ("aquele que ilumina) ocupa Hanói (a capital do norte) e proclamou a independência do Vietnã. Mas os franceses não aceitaram. O Gen. Leclerc, recebeu ordem de reconquistar o norte. Isso irá jogar a França na guerra colonial depois de 1945, levando-a a derrota, em 1954, quando as forças do Viet-minh, comandadas por Giap, cercam e levam os franceses à rendição. Depois de 8 anos, encerrou-se assim a primeira Guerra da Indochina.

No segundo, uma frente de nacionalistas e comunistas - o Vietcong - enfrentaram as tropas de intervenção norte-americanas, entre 1964 e 1975, o conflito tornou-se elemento essencial da Guerra Fria.

Em 1954, o Gen. Eisenhower, presidente dos Estados Unidos, explicou a posição americana na região pela defesa da Teoria de Dominó: " se permitirmos que os comunistas conquistem o Vietnã corre-se o risco de se provocar uma reação em cadeia e todo os estados da Ásia Oriental tornar-se-ão comunistas um após o outro." Os Estados Unidos, que tinham apoiado a França na Indochina, acreditavam que a queda do Vietnã do Sul acarretaria a de outros países do Sudeste Asiático.

Foi durante a Guerra do Vietnã que se destacou o grupo comunista Viet Minh, que, em sua luta pela libertação, contou com apoio político nos dois países, o do Norte, comunista, e o do Sul, pró-ocidental.
A Conferência de Genebra
Em Genebra, na Suíça, os franceses acertaram com os vietnamitas um acordo que previa:
1. O Vietnã seria momentaneamente dividido em duas partes, a partir do paralelo 17, no Norte, sob o controle de Ho Chi Minh e no Sul sob o domínio do imperador Bao Dai, um fantoche dos franceses;
2. Haveria entre eles uma Zona Desmilitarizada (ZDM);



Sul da ZDM, Vietnã, 1966.
Fuzileiros americanos em patrulha de reconhecimento se preparam para contra-atacar infiltrações norte vietnamitas ao sul da ZDM.
3. Seriam realizadas em 1956, eleições livres para unificar o país .
A ditadura de Diem
Entretanto no Sul, assumia a administração em nome do imperador, Ngo Dinh Diem, um líder católico, que em pouco tempo tornou-se o ditador do Vietnã do Sul. Ao invés de realizar as eleições em 1956, proclamou a independência do Sul e cancelou a votação. Os americanos apoiaram Diem porque sabiam que as eleições seriam vencidas pelos nacionalistas e pelos comunistas de Ho Chi Minh.
Diem conquistou a colaboração dos EUA, primeiro em armas e dinheiro e depois em instrutores militares. Diem reprimiu as seitas sul-vietnamitas, indispôs-se com os budistas e perseguiu violentamente os nacionalistas e comunistas.




Fuzileiros em missão de procura e extermínio.



Helicópteros UH-1, Huey Hogs, atacando posições Vietcong.



An Thi, Vietnã, 1966.

A Guerra Civil e a intervenção norte-americana
Com as perseguições desencadeadas pela ditadura Diem, comunistas e nacionalista formaram, em 1960, uma Frente de Libertação Nacional (FLN), mais conhecida como Vietcong, e lançaram-se numa guerra de guerrilhas contra o governo sul-vietnamita. Em pouco tempo o ditador Diem mostrou-se incapaz de vencer seus adversários.




Dien


O presidente Kennedy envia os primeiros "conselheiros militares" que, depois de sua morte em 1963, serão substituídos por combatentes.



Lyndon Johnson - Presidente dos Estados Unidos (1963-68). Lançou os EUA na mais impopular guerra da sua história. Renunciou a possibilidade de concorrer à reeleição depois do desastre da ofensiva do Ano Tet. (Foto: AFP)
Seu sucessor, o presidente L. Johnson aumenta a escalada de guerra, depois do incidente do Golfo de Tonquim, em setembro de 1964. Esse incidente provou-se posteriormente ter sido forjado pelo Pentágono para justificar a intervenção. Um navio americano teria sido atacado por lanchas vietnamitas em águas internacionais (na verdade era o mar territorial norte-vietnamita).



Um barco monitor ao longo do rio Mekong sendo atacado por forças Vietcong.
Assim os norte-americanos consideraram esse episódio um ato de guerra, fazendo com que o Congresso aprovasse a Resolução que autorizou a ampliar o envolvimento americano na região. Em 1960 de 900 soldados, para 180.000 em 1965; até 540.000 em 1969.
A reação contra a guerra e os hippys
A participação crescente dos EUA na Guerra e a brutalidade e inutilidade dos bombardeios aéreos - inclusive com bombas napalm - fez com que surgisse na América um forte movimento contra a guerra. Começou num bairro de São Francisco, na Califórnia, com "as crianças das flores", quando gente jovem lançou o movimento "paz e amor", rejeitando o projeto da Grande Sociedade do pres. Johnson.


A partir de então tomou forma a movimento da contra-cultura - chamado de movimento hippy. Se a sociedade americana era capaz de cometer um crime daquele vulto, atacando uma pobre sociedade camponesa no sudeste asiático, ela deveria ser rejeitada. Se o americano médio cortava o cabelo rente como um militar, a contra-cultura estimulou o cabelo despenteado, cumprido, e de cara com barba. Repudiaram a sociedade industrial, propondo o comunitarismo e a atividade artesanal, aderiram à maconha e aos ácidos e as anfetaminas. Estimularam a cultura do rock. Seu apogeu deu-se com o festival de Woodstock realizado no Estado de N.York, em 1969. Milhares de jovens negaram-se a servir no exército, desertando ou fugindo para o exterior. Esse clima espalhou-se para outros continentes e, em 1968, em março, eclodiu a grande rebelião estudantil no Brasil contra o regime militar, em 1964, e na França, a revolta universitária contra o gov. do Gen. de Gaulle.
A ofensiva do Ano Tet e o desengajamento
Durante a campanha de 1967-1968, o general norte-vietnamita Vo Nguyen Giap iniciou a denominada ofensiva do Tet (o ano lunar chinês). O gen. Wetsmoreland foi destituído, e o presidente Johnson aceitou as negociações. Para a opinião pública americana tratava-se agora de sair daquela guerra. O novo presidente eleito, Richard Nixon, assumiu o compromisso de "trazer nossos rapazes de volta", de forma a terem "retirada honrosa" e manter seu aliado sul-vietnamita. Nixon fez com que os sul-vietnamitas voltassem a ser encarregados das operações. Abastecendo-os o suficiente de dinheiro e armas eles poderiam lutar sozinhos contra o vietcong. Nixon ordenou o ataque a trilha Ho Chi Minh que passava pelo Laos e Camboja e que servia como estrada de abastecimento do vietcong. Estimulou também um golpe militar contra o príncipe N. Sianouk, do Camboja, o que provocou uma guerra civil naquele país entre os militares direitistas e os guerrilheiros do Khmer Vermelho (Khmer Rouge) liderados por Pol Pot.




Os métodos de tortura foram muito usados na Guerra do Vietnã, e um deles consistia em mergulhar a vítima em um tonel com água, enquanto soldados espancavam suas costas.



Vietnamitas mortos por um pelotão americano que realizava patrulha pela região.
Vietnamitas não faziam parte da guerrilha. Além de não portarem armas, eles usavam roupas de lavradores



Ilha de Tan Dinh, Delta do Mekong, Vietnã, 1965.
Comandante do Batalhão Vietnamita Capitão Thach Quyen interroga um suspeito Vietcong.


Da Nang, Vietnã, 1968.
Huey Hog patrulhando as proximidades de Da Nang em busca de posições Vietcongs

A derrota e a unificação
Depois de imobilizarem militarmente as forças americanas em várias situações,os norte-vietnamitas com os vietcongs, prepararam-se para a ofensiva final. Deixaram a guerrilhas e passaram a concentrar suas forças para um ataque em massa. Desmoralizado, o exército sul-vietnamita começou a dissolver-se. Haviam chegado a 600 mil soldados, mas reduziu-se apenas a um punhado de combatentes. Em dezembro de 1974, os nortistas ocupam Phuoc Binh, a 100 quilômetros de Saigon. Os vietcongs fizeram uma surpreendente ofensiva sobre 36 cidades sul-vietnamitas. Morreram 33 mil vietcongs nessa operação arriscada foi uma tremenda vitória política. Em janeiro de 1975 começou o ataque final. O pânico alcança os sul-vietnamitas que fogem para a capital. Os vietcongues ocupam a embaixada norte-americana, em Saigon.



Saigon, Vietnã, 1975.
Destroços da capital Sul vietnamita, a ponto de ser dominada pelos Vietcongs.

O Sul rendeu-se incondicionalmente. O presidente Thieu parte para o exílio e os americanos retiram o resto do seu pessoal e grupos de colaboradores nativos. Finalmente, no dia 30 de abril, as tropas nortistas rebatizam Saigon como Ho Chi Minh, em homenagem ao líder falecido em 1969. A unificação nacional foi formalizada em 1976 com o nome de República Socialista do Vietnã, 31 anos depois de ter sido anunciada. Mais de um milhão de vietnamitas perecem enquanto que 57 mil mortos e 313 mil feridos norte-americanos, a um custo de US$ 200 bilhões.



Cidade de Saigon, Vietnã, 1975.
Vietcongs entram triunfantes em Saigon, após vinte anos lutando por sua independência.

Conseqüências da guerra
O Vietnã foi o país mais vitimado por bombardeios aéreos no século XX. Caíram sobre suas cidades, terras e florestas, mais toneladas de bombas do que as que foram lançadas na II Guerra Mundial. Para tentar desalojar os guerrilheiros das matas foram utilizados violentos herbicidas - o agente laranja - que dizimou milhões de árvores e envenenou os rios e lagos do país. Milhares de pessoas ficaram mutiladas pelas queimaduras das bombas de napalm e suas terras ficaram imprestáveis para a lavoura. Por outro lado, aqueles que não aceitaram viver no regime comunista fugiram em precárias condições, tornaram-se boat people, navegando pelo Mar da China em busca de um abrigo ou nos campos de refugiados. O Vietnã regrediu economicamente. Os E. U. por sua vez saíram moralmente dilacerados, tendo que amargar a primeira derrota militar da sua história. A CIA e o Pentágono - foram duramente criticadas e Richard Nixon, foi obrigado a renunciar depois do escândalo de Watergate.




Ho Chi Minh


Revolucionário e estadista vietnamita (1890-1969). Personagem lendária para os militantes de esquerda de todo o mundo. Presidente da República Democrática do Vietnã (1954-1969), líder da Guerra da Indochina (1946-1954) contra a dominação francesa e líder na Guerra do Vietnã (1961-1975), pela unificação do Vietnã do Norte e do Sul. Filho de um modesto burocrata, viaja para Londres em 1911 e depois pelo mundo, o que inclui uma passagem como garçom no Rio de Janeiro. Em 1917, fixa-se em Paris, e ingressa no Partido Socialista. Depois, ajuda a fundar o Partido Comunista Francês (1921) e vai estudar em Moscou (1923-1926). Ingressa na III Internacional, o Comintern, braço internacional do Partido Comunista da União Soviética. É designado para atuar na China, onde é preso pelo governo de Chiang Kaishek (1927). Libertado, foi para a Tailândia, onde dirige o movimento antimperialista da Indochina. Expulso, segue para Hong Kong, é preso pelos ingleses. Em 1941, em Tonquim, na China, funda o movimento político Vietminh. Após uma guerra de guerrilhas contra os invasores japoneses, é proclamado, em 1945, presidente da República do Vietnã.
Hoje
A desgraça social

Além de haver uma massa considerável de desqualificados sociais (prostitutas, marginais, ex-traficantes. etc.), subproduto das tropas de ocupação, vivendo nos grandes centros urbanos, o Vietnã ainda conheceu o drama do boat people, quando milhares de refugiados, provavelmente temerosos das represálias do governo comunista (que alias, ao contrário dos comunistas cambojanos, foi benigno no trato com os colaboracionistas e opositores) arriscaram-se em todos os tipos de barcos, navegando ao deus-dará pelo Mar da China, numa desesperada busca de abrigo, sendo desprezados ou repelidos quando tentavam desembarcar nos países vizinhos.



Um suspeito jovem Vietcong chora, após ouvir o tiro de um rifle. Seus captores, homens da tribo chinesa Nung, a serviço das Forças Especias Americanas, fingiram atirar em seu pai, um recurso utilizado para fazer com que o garoto revelasse informações sobre a Guerrilha Comunista.




Guerra na selva


Fuzileiros americanos ocupam uma vila, ao norte de Da Nang.

Compensações vietnamitas

Por outro lado, as terríveis chagas materiais e sociais deixadas pelas Guerras da Indochina, não impediram o afloramento do orgulho nacional vietnamita em ter enfrentado e sobrevivido a três poderosas potências militares (a França entre 1945-54, os EUA entre 1964-75 e a China comunista em 1979), as maiores do mundo. O país finalmente voltou a reunificar-se sob um regime só, atingindo o objetivo do líder Ho Chi Minh e daqueles que se envolveram nas lutas pela libertação nacional daquela época. Os vietnamitas têm plena consciência dos seus méritos, e do que representaram para os povos do Terceiro Mundo que empenhavam-se em favor da sua autonomia política. Além disso, o Vietnã hoje exerce uma liderança natural sobre seus vinhos da antiga Indochina, não sendo difícil estimar para o futuro, superadas as amarguras materiais do presente, a formação de uma Confederação Indochinesa liderada por eles.





Bibliografia
Bonnet, Gabriel - Guerras insurrecionais e revolucionárias, Biblioteca do Exército Editora, Rio de Janeiro, 1963.

Burchett, Wilfred G. - Vietnã do Norte, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1967.

Field, Michael - Vento Leste na Indochina, Editora Saga, Rio de Janeiro, 1966, 2 vols.

Ho Chi Minh - A resistência do Vietnã, Editora Laemmert, Rio de Janeiro, 1968.

Horowitz, David - Revolução e Repressão, Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1969.

Otero, Lisandro - En busca de Viet Nam, Editora Nuestra America, Montevideu, 1977

26 março 2008

Irã X Iraque

Em dase de elaboração!!!

História da Guerra do Irã contra Iraque


Mapa da Ásia


Mapa do Irã


Mapa do Iraque

Em 1980, Irã e Iraque iniciaram uma guerra sangrenta, que teve forte motivação no fundamentalismo religioso (radicalismo) e na presença dos EUA no Oriente Médio. O conflito, que terminou no dia 20 de agosto de 1988, sem vencedores, é um fato histórico que ajuda a entender importantes conflitos posteriores no Oriente Médio, a exemplo da Guerra do Golfo (1991) e da Guerra do Iraque (2003).

A Guerra Irã-Iraque foi um conflito entre o Irã e o Iraque entre 1980 e 1990. Foi o resultado de disputas políticas e territoriais entre ambos os países. Na verdade se tratava de um problema imposto por Saddam Husseim, que queria ampliar seu território e conseguir aumentar os seus recursos provenientes da extração de petróleo. Se conseguisse expandir suas terras com parte do território iraniano, Husseim sairia da condição de terceiro ou quarto lugar nas exportações, para chegar ao segundo ou até primero lugar, superando a Arábia Saudita. Era um problema dos bastidores entre EUA e a então URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).

Influência dos EUA

Até 1979, o Irã era um dos maiores aliados dos Estados Unidos na região - estratégica por abrigar a maior parte das reservas mundiais de petróleo. Neste ano, o país sofreu a Revolução Islâmica, que resultou na deposição do Xá (imperador) Reza Pahlevi e na posse do aiatolá (chefe religioso) Ruhollah Khomeini como líder máximo do país.

Inicialmente os EUA se posicionaram em favor do Iraque por interesses comerciais que não conseguia obter no Irã que impedia acordos comerciais com os EUA e declaravam claramente sua oposição ao sistema comercial americano, tendo como governante nada menos que um extremista religioso Aiatolá Khomeini. Com a posição americana em favor dos iraquianos, os soviéticos se colocaram em favor de Khomeini por oposição quase que convencional, ou seja, se um lado estiver a seu favor, o outro estará a meu lado.

Xiitas no poder do Irã

O Irã deixava de ser uma monarquia alinhada ao Ocidente para se tornar uma brutal ditadura fundamentalista islâmica. O fato de a população ser de maioria xiita (islâmicos radicais) explica a maciça adesão à revolução. Khomeini defendia a expansão da revolução, o que criou atritos com outras nações do Oriente Médio, e criticava abertamente os EUA, acusando-os de corromper os valores islâmicos.

Conseqüências da Revolução Islâmica

Uma das principais conseqüências da revolução foi o rompimento do Irã com os Estados Unidos, que desde então não mantêm relações diplomáticas. Os americanos se viram sem um de seus maiores aliados. Para compensar a perda do Irã, os EUA se aproximaram do país vizinho, o Iraque, onde o jovem vice-presidente havia tomado o poder recentemente por meio de um golpe de estado. Seu nome? Saddam Hussein. Pois é. Inicialmente, o ditador iraquiano foi um aliado estratégico dos americanos no Oriente Médio.

A guerra começou em 1980 por um motivo que, teoricamente, não seria suficiente para iniciar hostilidades entre Irã e Iraque: o controle do Chatt-el-Arab, um canal que liga o Iraque ao Golfo Pérsico, por meio do qual é escoada a produção petrolífera do país. Embora a margem oriental do canal fosse controlada pelos iranianos, qualquer embarcação podia atravessá-lo sem problemas rumo ao Iraque. Mesmo assim, Saddam Hussein reivindicou o controle total do estreito. Diante da recusa iraniana em ceder seu território, tropas de Saddam invadiram o Irã e destruíram o que era então a maior refinaria de petróleo do mundo, em Abadã.

E assim dois países pobres, altamente dependentes da exportação do petróleo, mantiveram um conflito que se dava principalmente por meio de batalhas de infantaria, custando a vida de milhares de soldados e das populações das regiões fronteiriças.

O Iraque, que sofreu um pesado contra-ataque iraniano em 1982, foi apoiado principalmente pelos EUA e por outras nações do Oriente Médio, como a Arábia Saudita, cujas elites não viam com bons olhos a expansão do fundamentalismo islâmico, representado pelo Irã.

Para invadir o Irã, os EUA queriam um auxílio e neste sentido, a presença e interesses de Husseim eram favoráveis e iam no encontro do interesse norte-americano.

Nos EUA a indústria bélica passou a se enriquecer, pois o Iraque não restringia nada que se referisse à compra de armamentos pesados. Comprava tudo o que estivesse disponível pelos americanos.
Em 1980, quando Saddam Hussein, do Iraque, revogou o acordo do canal de Shatt-al-Arab, mas em troca de garantias, pelo Irã, de que cessaria a assistência militar à minoria curda no Iraque que lutava por independência. Não conseguiu.


presidente iraquiano Saddam Hussein

O Iraque invadiu a zona ocidental do Irã.


Estreito de Ormuz

Fazia pouco tempo que xá Mohhamad Reza Pahlevi havia deixado o Irã e assumido o poder o aiatolá Khomeini, que saira do exílio em Paris e logo proclamou a República Islâmica em Teerã. Komeirni perseguiu seguidores do regime anterior. Imediatamente aviões do Iraque atacaram várias bases aéreas no Irã, danificando apenas as pistas de decolagem. O Irã foi pego de surpresa.


Cidade de Teerã

O Iraque também estava interessado na desestabilização do governo islâmico de Teerã e na anexação do Kuzestão, a província iraniana mais rica em petróleo. Segundo os iraquianos, o Irã infiltrou agentes no Iraque para derrubar o regime de Saddam Hussein. Além disso, fez intensa campanha de propaganda e violou diversas vezes o espaço terrestre, marítimo e aéreo iraquiano. Ambos os lados foram vítimas de ataques aéreos a cidades e a poços de petróleo.

Saddam Hussein, havia montado 12 divisões, com um contingente de 190 mil soldados. Eles foram armados com as mais modernas armas vendidas pelos norte-americanos, mais de dois mil tanques e 450 aviões de combate. Saddam estava convicto da vitória quando ordenou o ataque, ainda mais que os militares iranianos estavam enfraquecidos com a revolução.

O exército iraquiano engajou-se em uma escaramuça de fronteira numa região disputada, porém não muito importante, efetuando posteriormente um assalto armado dentro da região produtora de petróleo iraniana. A ofensiva iraquiana encontrou forte resistência e o Irã recapturou o território.

Interesse por campos de petróleo

Muitos oficiais iranianos haviam fugido, estavam presos ou mortos. Era a revanche de Saddam, que 5 anos antes havia perdido para o Irã a metade da importante região de Shatt-el-Arab, entre os rios Eufrates e Tigre. Além disso, Bagdá queria conquistar uma importante área petrolífera no sudoeste iraniano e Hussein estava convencido de que teria o apoio da população árabe local. Mas o que aconteceu não foi nada disso.

O Iraque conseguiu dominar uma pequena região, que denominou Arabistão, mas não obteve o apoio dos três milhões de habitantes. Enquanto isso, o Irã surpreendia com sua resistência, que durou 8 anos. Mais de um milhão de pessoas morreram, e os dois países tiveram seu desenvolvimento atrasado em várias décadas.

Em 1981, somente Khorramshahr caiu inteiramente em poder do Iraque. Em 1982, as forças iraquianas recuaram em todas as frentes. A cidade de Khorramshahr foi evacuada. A resistência do Irã levou o Iraque a propor um cessar-fogo, recusado pelo Irã (os iranianos exigiram pesadas condições: dentre elas a queda de Hussein). Graças ao contrabando de armas (escândalo Irã-Contras), o Irã conseguiu recuperar boa parte dos territórios ocupados pelas forças iraquianas. Nesse mesmo ano, o Irã atacou o Kuwait e outros Estados do Golfo Pérsico. Nessa altura, as Organização das Nações Unidas e alguns Estados Europeus enviaram vários navios de guerra para a zona. Em 1985, aviões iraquianos destruíram uma usina nuclear parcialmente construída em Bushehr e depois bombardearam alvos civis, o que levou os iranianos a bombardear Bassora e Bagdá.

Irã-Contras

O Irã-Contras foi um escandalo de corrupção envolvendo o tráfico de armas protagonizado pela CIA Americana no ano de 1986. Foi também chamado de "Irangate".

Quem os EUA estava apoiando? Iraque! Mas vendeu armas para o Irã!
Desafiando as leis e o próprio Congresso americano, a agência envolveu-se em negociações para a venda de armas ao Irã. Em troca, os iranianos deveriam interceder pela libertação de cidadãos estadunidenses presos no Líbano.

Parte do dinheiro da venda das armas foi depositada pelos iranianos em contas bancárias da Suíça controladas pelos rebeldes da Nicarágua, os contras, que lutavam para derrubar o governo sandinista. Dessa forma os Estados Unidos financiaram a derrubada do governo soberano da Nicarágua, assim como interferiram de forma criminosa em outros países.

Ao mesmo tempo em que os EUA oficialmente armavam o Iraque, por baixo do pano também vendiam armas para o Irã via Israel. Após sua descoberta, o escândalo provocou o afastamento de vários assessores do governo estadunidense, entre eles o tenente-coronel Oliver North, apontado como o principal responsável pela operação. A opinião pública dos Estados Unidos ficou chocada ao conhecer o lado terrorista da agência de informações de seu próprio país. Na verdade tal escândalo fazia parte da estratégia estadunidense para a guerra Irã-Iraque, já que desejava que ambos os lados se degladiassem de forma a se exaurirem.

O esforço de guerra do Iraque era financiado pela Arábia Saudita, pelos EUA, enquanto o Irã contava com a ajuda da Síria e da Líbia. Mas, em meados da década de 80, a reputação internacional do Iraque ficou abalada quando foi acusado de ter utilizado armas químicas contra as tropas iranianas.

Mobilização de crianças para a tropa

Em poucas semanas, Teerã (Irã)conseguiu recrutar mais de 200 mil soldados, entre eles muitos jovens e crianças. Em 1985, quando o Iraque começou a bombardear alvos civis, na capital, com aviões; depois, com mísseis. O Aiatolá não aceitou a derrota e chegou a mobilizar 500 mil crianças soldados.

Não fosse o emprego de armas químicas pelo Iraque(cuja tecnologia obteve dos Estados Unidos), o Irã poderia ter vencido o conflito. Além de Washingto, Paris apoiou Saddam Hussein.


Soldado Iraniano com máscara contra gás, o Iraque foi acusado

A guerra entrou em uma nova fase em 1987, quando os iranianos aumentaram as hostilidades contra a navegação comercial dentro e nas proximidades do golfo Pérsico, resultando no envio para a região de navios norte-americanos e de outras nações. Oficiais graduados do exército iraniano começaram a perder credibilidade à medida que suas tropas sofriam perdas de armas e equipamentos, enquanto o Iraque continuava a ser abastecido pelo Ocidente.

No princípio de 1988, o Conselho de Segurança da ONU exigiu um cessar-fogo. O Iraque aceitou, mas o Irã, não.

Em Agosto de 1988, hábeis negociações levadas a cabo pelo secretário-geral da ONU, Perez de Cuéllar, e a economia caótica do Irã levaram a que o país aceitasse que a Organização das Nações Unidas (ONU) fosse mediadora do cessar-fogo. O armistício veio em julho e a paz foi reestabelecida em 15 de agosto.

Em 1990, o Iraque aceitou o acordo de Argel de 1975, que estabelecia fronteira com o Irã. Não houve ganhos e as perdas foram estimadas em cerca de 1,5 milhão de vidas. A guerra destruiu os dois países e diminuiu o ímpeto revolucionário no Irã. Em 1989, o aiatolá Khomeini morreu. A partir de então, o governo iraniano passou a adotar posições mais moderadas. Em Setembro de 1990, enquanto o Iraque se preocupava com a invasão do Kuwait, ambos os países restabeleceram relações diplomáticas.





Aiatolá Khomeini

O Lucro dos outros países com a guerra!

O Irã não determinou limite algum para seu orçamento bélico, estando mais preocupado em conseguir armas que competissem em paridade com os armamentos que viam no outro lado.

Deste modo, o confronto entre Irã e Iraque também serviu como forma de comparar armamentos pesados e mesa de testes para analisar os equipamentos tanto por parte dos EUA, quanto por parte da URSS.

De olho neste mercado fabuloso, França, Itália e Inglaterra começaram a produzir armamentos pesados, metralhadoras, armas de multiplicidade, tanques de guerra, caças, entre outros.

Só para se ter idéia do que isso representou, em 1986 o PIB francês tinha mais de 80 % advindos da venda de armas. Os franceses ganhavam muito com a venda de metralhadoras, tanques de guerra, mas principalmente os caças Mirrage que confrontavam com os Mig soviéticos, que tinham ainda os F-5 americanos para terem de superar.

Esta condição permitiu que EUA, URSS, França, Inglaterra e Itália, conseguissem se manter na condição de riqueza e estarem entre alemães e japoneses que apesar de terem sido destruídos na 2a. Grande Guerra, se mantinham como duas entre as três maiores potencias comerciais, algo que se perpetua até os dias atuais.

Mas a guerra imbecil entre Irã e Iraque acabou e dos outros cinco, somente os EUA e a atual Rússia, conseguem se manter no cenário internacional com certa representatividade. França, Inglaterra e Itália, passaram a perder capacidade comercial para China, Índia e Brasil.

Este último só não consegue se engajar no cenário internacional e perde sua oportunidade, por estar enfrentando crises burocráticas, extrema corrupção e falta de capacidade administrativa, impedindo o Brasil de se tornar uma das sete maiores potencias economicas do mundo moderno.

Assita ao vídeo no front de batalha entre irã e iraque
http://www.weshow.com/br/p/18191/conflito_ira_x_iraque_arab


Fotos da guerra:
















Mais textos:

MASSACRE DOS CURDOS

O conflito, travado majoritariamente em solo iraquiano, se caracterizou por vitórias alternadas de ambos os lados, configurando um equilíbrio entre os beligerantes, embora o Irã tivesse uma população três vezes maior. Em 1985, o Iraque teve de enfrentar a sublevação da minoria étnica dos curdos, concentrada principalmente no norte do país. Para evitar um conflito em duas frentes, Saddam resolveu liquidar os separatistas curdos, inimigo mais fraco que os iranianos, de maneira rápida e definitiva. Para isso, usou armas químicas, que mataram cerca de 5 mil habitantes da aldeia de Halabja.

Completamente esgotados, Irã e Iraque cessaram fogo em 1988, por sugestão da ONU (Organização das Nações Unidas). As fronteiras permaneceram exatamente as mesmas de antes do conflito. Desta forma, é possível afirmar que as vítimas da guerra -cerca de 300 mil iraquianos e 400 mil iranianos- morreram em vão.

Depois da guerra, Saddam não obteve mais apoio logístico ou financeiro dos EUA e dos outros países árabes, que deixaram de ver o Irã como uma ameaça a seus interesses. Mesmo assim, o ditador manteve sua política agressiva para com seus vizinhos. A próxima vítima de Saddam foi o Kuait, invadido e anexado em 1990. A ação acarretou a Guerra do Golfo em 1991, opondo o Iraque a uma coalizão liderada pelos EUA, o ex-aliado. Mas essa é outra história.

AMADORISMO NA GUERRA IRÃ X IRAQUE

De qualquer forma, ninguém se arriscaria a apostar tudo numa vitória arrasadora de uma das partes. Embora Iraque e Irã tenham gastado a maior parte de seus petrodólares na aquisição de imponentes arsenais bélicos, nenhum dos dois países havia testado suas Forças Armadas numa guerra total - em ambos os casos, a força militar costumava ser empregada sobretudo contra suas próprias populações. No caso específico de algumas batalhas aéreas da semana passada, acompanhadas pelas estações de radar dos vizinhos Kuwait e Qatar, esse amadorismo saltava aos olhos. "Parecia uma batalha da II Guerra Mundial de tanto tempo que demorava", conta um analista ocidental que observava um confronto de cinco aviões a 10 minutos de distância. "Em lugar de um ataque ultra-rápido, perfeitamente possível com esses jatos modernos equipados de metralhadoras que miram e disparam por meio de sofisticados sistemas de radar, os caças iranianos e iraquianos mergulhavam e giravam feito loucos à procura do melhor ponto de mira. Ou eles não sabem atirar, ou não sabem mirar", concluiu.

Até mesmo o primeiro bombardeio do Iraque contra o aeroporto de Teerã, tão festejado pela imprensa de Bagdá, foi um exemplo de deficiência dos dois lados. Bastou que os quatro Mig envolvidos no ataque pedissem autorização de aterrar em farsi, a língua oficial do Irã, e pronunciassem o código da manobra, para que o espaço aéreo lhes fosse aberto pelos iranianos. Em contrapartida, dos catorze foguetes que os pilotos do Iraque dispararam sem qualquer impedimento por parte do inimigo, apenas três explodiram. Acrescente-se a isso o fato de que o alto comando militar do Irã foi virtualmente decapitado pela execução ou o exílio de seu corpo de generais, logo após a queda do ex-xá, e que o comando militar do Iraque domina mal a logística de uma guerra moderna, e está explicado o porquê do aparente impasse dos combates.

NA FRONTEIRA

Habituado à geografia relativamente simples das guerras entre árabes e israelenses, com o deserto de um lado e as colinas sírias de Golan do outro, o mundo de certa forma esperou que se repetissem as velozes marchas que egípcios e judeus empreendem, desde 1948, pelos desertos do Sinai e do Neguev. A propaganda iraquiana chegou a sugerir que suas tropas marchavam na direção de Teerã. Essa tarefa, por enquanto, é praticamente impossível - a guerra ainda está em torno do quintal da fronteira de cada um, na confluência dos rios Eufrates e Tigre, embora nesta primeira semana os combates terrestres tenham-se travado só dentro do território do Irã, que não conseguiu atravessar nenhum soldado para o terreno inimigo. A cidade de Khorramshar, que Bagdá tomou pelo rádio e depois teve que reconhecer que ainda não estava em seu poder, está praticamente na fronteira entre os dois países. O mesmo sucede com Abadã, sede da maior refinaria do mundo.

A menos que esta guerra pudesse durar de seis meses a um ano, o Iraque, mesmo com sucessos militares, pode ambicionar apenas à conquista da faixa de terra do estuário do rio Karun, onde estão, a pequena distância, Abadã e Khorramshar. Qualquer ofensiva ao norte, onde está Teerã (a quase 600 quilômetros da fronteira), tem de levar em conta um obstáculo mais forte que as Forças Armadas do Irã em qualquer tempo: a cadeia de montanhas dos montes Zagros, região árida e de acesso tão assustador que, em 5 000 anos de civilização, foi ocupada apenas por pastores nômades. A fronteira entre os dois povos, que já se moveu centenas de vezes desde que o persa Ciro tomou Babilônia, perto de Bagdá, há 2 519 anos, favorece o Irã, pois ela termina com as encostas das montanhas e, em território iraquiano, há apenas planícies. Assim, seria teoricamente muito mais fácil que o Exército do Irã, invadindo o Iraque, se aproximasse de Bagdá, a menos de 200 quilômetros, que uma delirante marcha sobre Teerã - que requereria um maciço lançamento de pára-quedistas do outro lado das montanhas, com um gigantesco apoio de equipamentos transportados por via aérea inteiramente fora do alcance do Iraque. O Iraque pode vencer a guerra, mas não tem como ocupar o Irã nem como submetê-lo a uma clássica rendição incondicional.

NENHUMA VITÓRIA

Estrategicamente, o férico tiroteio mútuo sobre as refinarias não leva a guerra a um desfecho rápido. Destruindo parcialmente Abadã, o Iraque não consegue efeitos militares imediatos. O mesmo sucede com o Irã, que arrasou as instalações iraquianas de Basra. A destruição de refinarias, do ponto de vista militar, prepara o enfraquecimento final do inimigo, mas não o acelera - na primeira semana de uma guerra, colocar fora de combate uma esquadrilha de Phantom vale mais que milhares de barris de óleo queimados. Na verdade, o efeito mais visível dessa recíproca fúria contra as refinarias talvez seja fazer com que Irã e Iraque, ironicamente, se tornem os primeiros países a sofrer o racionamento de combustível com que ameaçam o resto do mundo.

Por isso o Irã, mesmo abalado para o futuro com os golpes sofridos, mantém uma capacidade militar imprevisível. Até a manhã de sábado, o Iraque não conseguira nenhuma vitória absolutamente decisiva sobre o que os estrategistas chamam de "os tendões da guerra". Os iraquianos entraram algumas dezenas de quilômetros em território do Irã mas isso não lhes dá grandes vantagens militares. Mesmo o bombardeio das duas capitais pouco significado tem, pois os dois países, atirados em corridas armamentistas de propaganda, dispõem sempre de modernos aviões de combate e de incompetentes sistemas de defesa aérea. A defesa do Irã, no passado manejada por americanos, estava praticamente fora de operação. A do Iraque, quase inexiste. De toda a forma, era inegável que, na primeira fase da guerra, o Iraque detinha claramente a iniciativa, conquistara no território inimigo posições importantes para futuras negociações e golpeara mais fundo a economia e as Forças Armadas do Irã do que fora atingido pela resistência e pelos contra-ataques iranianos.
Assim, a primeira semana de guerra entre os dois países parece destinada a terminar com muita fumaça e grandes lances de propaganda ao lado de pequenos resultados militares. De concreto, há pouco mais que o óbvio: o fato de o Iraque ter ocupado um espaço, ainda que pequeno, do Irã, coisa impensável há dois anos, e, como conseqüência, o fato de o Irã ter aprendido na carne o preço histórico da liquidação de boa parte do comando de suas Forças Armadas - além, naturalmente, de estar pagando o preço pela arrogância do xá que, entre outras coisas decidiu construir a maior refinaria de petróleo do mundo bem na fronteira com seu maior inimigo.
TENTAR A CHANCE - Foi a convicção de que o Irã de Khomeini estava golpeado internamente pelo caos e pelo fanatismo, e se encontrava pela primeira vez maduro para ser desafiado, que levou Saddarn Hussein a tentar sua chance histórica. Ele estimou que talvez jamais se repetissem condições tão favoráveis para o Iraque árabe derrotar o antigo império persa e com isso arrebatar para si o papel de senhor do golfo Pérsico, sem titular desde a saída de cena de Reza Pahlevi. O momento também parecia extremamente propício para Hussein ocupar uma segunda vaga na região: a de líder do mundo árabe, acéfalo desde que o nacionalista egípcio Gamal Abdel Nasser morreu em 1970.

O sucessor de Nasser, Anuar Sadat, decidiu abdicar dessa honra ao ousar tentar uma fórmula de paz com o Estado de Israel. A Árabia Saudita, líder religiosa da causa árabe, também não poderia ocupar nenhuma posição de ponta por falta absoluta de gente - ainda recentemente, teve de iniciar negociações para importação de 10 000 soldados paquistaneses para garantir sua própria segurança interna. Quanto à estridente Síria, sempre pronta a guerras verbais contra Israel, ela não tem petróleo, perdeu todos os confrontos militares nos quais se envolveu e ainda não conseguiu sequer libertar suas próprias colinas de Golan da ocupação israelense. Segundo os cálculos do presidente do Iraque, se ele conseguir obter a devolução para mãos árabes de três ilhotas estratégicas situadas à entrada do vital estreito de Hormuz, abocanhadas pura e simplesmente pelo xá do Irã em 1971, os países da região terão com ele uma dívida de defesa da honra árabe. E também da defesa do escoamento do petróleo do golfo Pérsico, que tem no estreito de Hormuz seu mais delicado gargalo. As três ilhas - Abu Musa, Grande Tomb e Pequena Tomb - controlam a passagem do estreito, cruzado a cada dia por 140 navios, 70% dos quais são petroleiros.

MOBILIZAÇÃO

Se, de quebra, a ofensiva iraquiana conseguir arrancar do Irã, na hora do acerto de contas, uma autonomia maior para as regiões de maioria árabe, além do controle definitivo pelo governo de Bagdá do estuário de Shatt al Arab, a guerra terá valido a pena para Saddam Hussein. O ideal, para o Iraque, seria um rápido congelamento do conflito armado por algum tipo de mediação islâmica antes que suas forças comecem a dar sinais de desgaste. O interesse do Irã, em contrapartida, reside justamente num prolongamento da guerra para permitir que suas deficiências bélicas sejam substituídas por algum tipo de gigantesca, embora caótica, mobilização popular. Afinal, o Irã tem 36 milhões de habitantes contra apenas 12 milhões do Iraque, e parte da resistência a um avanço maior iraquiano na região de Abadã se deve, justamente, a uma participação da população iraniana local na defesa da cidade.
Ironicamente, o político iraniano mais cotado para substituir o aiatolá Khomeini em caso de desagregação de seu regime foi também quem menos compreendeu a profundidade da ferida nacional iraniana no momento. Shapur Baktiar, último chefe do governo da era Pahlevi, e atualmente exilado em Paris, apostou todas suas fichas numa vitória rápida e completa das forças iraquianas e numa conseqüente desmoralização geral do atual regime de Teerã. Na verdade, ele saberia há quase um mês dos planos de invasão de Bagdá e teria feito um acordo com o próprio Saddam Hussein para ser empossado como líder do governo iraniano dos pós-guerra.

Sua força de sustentação era um grupo de ex-oficiais do falecido Reza Pahlevi, chefiados pelo general de quatro estrelas Gholam Ali Oveissi, de 60 anos, ex-chefe do Estado-Maior e atualmente exilado também em Paris. Oveissi é chamado pelos seguidores do aiatolá de "açougueiro de Teerã" porque, em 1978, quando era governador militar da capital, cerca de 3 000 manifestantes contra o xá foram mortos por seus soldados. Segundo revelou a revista alemã Stern, Oveissi comandava uma diáspora de quase 65 000 soldados fugidos do Irã, preparando-os no Egito, em Bahrein, Omã e Iraque para a "hora H" da tomada do poder.


Bibliografia

http://pt.shvoong.com/law-and-politics/politics/international-relations/1645953-guerra-entre-ir%C3%A3-iraque/(acessado em 19/10/2008)

http://educacao.uol.com.br/historia/ult1704u26.jhtm (acessado em 19/10/2008)

http://veja.abril.com.br/arquivo_veja/capa_01101980.shtml (acessado em 19/10/2008)

http://www.weshow.com/br/p/18191/conflito_ira_x_iraque_arab (acessado em 19/10/2008)

http://bfcentral.oi.com.br/forum/showthread.php?t=36145 (acessado em 19/10/2008)

Nigéria

No momento os trabalhos das 8ª séries!

Turma 81

Nigéria

O Império Kanem-Bornu, dominava a parte norte da Nigéria, prosperando, como rota de comercio entre os bárbaros nortes africanos e o povo da floresta. Este Império na verdade, era uma junção entre dois. O império Kanem é o atual Chade e o Império de Bornu é o atual Niger.


Mapa de Niger e do Chad

No começo do século XIX, Usman Dan Fodio (1754 - 1817), filósofo e religioso árabe, reuniu a maior parte das áreas do norte e transformou a comunidade em muçulmana e seu poder autônomo e como tal Império foi reconhecido nas nações árabes de então.

O reino de Oyo, ou Império de Oyo Yoruba (c. 1400 - 1835) foi um império da África Ocidental e hoje é a Nigéria ocidental. O império foi criado pelos Yoruba, no século XV e cresceu para se tornar um dos maiores estados do Oeste africano encontradas pelos europeus, principalmente portugueses.
Entre os séculos XVII e XIX, comerciantes europeus estabeleceram portos costeiros para o aumento de tráfico de escravos para a América, são chamados de feitorias pelos portugueses.



Ifé, rei do reino de Yoruba. Cabeça em bronze do Museu Britânico.

A Colonização européia
No século XV, navegantes portugueses entraram em contato com os reinos costeiros, e logo estabeleceram intenso e próspero tráfico de escravos para as plantações do continente americano. Os governantes dos estados litorâneos capturavam os escravos no interior do país, onde as populações eram politicamente menos organizadas.
Essa atividade criou grande vazio demográfico na zona central da atual Nigéria, que persistiu até a época da independência.
A proibição do tráfico, ocorreu no século XIX, quando os britânicos resolveram enviar suas forças navais para a Nigéria para ocupá-la.
O comércio negreiro foi substituído pela produção de azeite-de-dendê.


Dendezeiro

Na Conferência de Berlim, em 1885, a região ficou sob o domínio britânico e sua administração foi confiada à Companhia Real do Níger.





Antes da conferência de Berlim




Depois da Conferência de Berlim

Após a primeira guerra mundial, a bacia do rio Cross, que era parte da colônia alemã de Camarão, foi anexada ao território britânico.

A Independência

Depois de um período provisório de administração indireta, em 1960 a Nigéria passou a ser independente, mas associado à Comunidade Britânica de Nações. Em 1963 foi proclamada a República. A independência foi conseguida pela união do povo ibo com o povo masa. O povo ibo eram os que tinham os melhores salários, casas e empregos.

O novo estado tinha 4 regiões autonomas, mas os conflitos étnicos, levou o general Johnson Aguiyi-Ironsi a tomar o poder em 1966, e estabelecer um estado unitário. Poucos meses depois, novo golpe passou o poder ao coronel Yakubu Gowon, que implantou uma federação de 12 estados.
Em 1965-67 ocorreu a secessão dos ibos, um golpe de estado, um grupo de oficiais da etnia ibo tomou o poder. Eles constituíram a República de Biafra, com capital em Enugu, na parte sudeste do país. Ou seja uma parte da região da Nigéria se tornou independente. Neste conflito grandes potências e companhias de petróleo, que disputavam as jazidas descobertas na costa leste interferiram no processo.


Biafra

A guerra civil nigeriana, ou guerra da Nigéria, ou guerra Nigéria-Biafra, ou ainda, guerra de Biafra, em 1970, foi um conflito político causado pela separação das províncias ao sudeste da Nigéria, como a republica auto proclamada de Biafra.
Cinco semanas depois da sua proclamação, a dissidente república de Biafra é atacada pelas forças do governo nigeriano. O tenente-coronel Odumegwu Ojukwu tinha proclamado a independência oriental na Nigéria, em contestação à matança de ibos em outras partes da Nigéria. O general Yakubo Gowon, negou-se a reconhecer a independência de Biafra e ordenou a invasão. Na luta as forças de Ojukwo foi gradualmente reduzido às exigências de Biafra. O estado emergente perdeu seus estados de petróleo, a sua principal fonte de riqueza e importações de alimentos, um milhão de pessoas morreram em resultado de grave subnutrição. Em 1970 Biafra se rendeu a Nigéria.

Em 1970 o coronel Odumegwu Ojukwu, líder da rebelião, fugiu para a Costa do Marfim. No contragolpe, o novo governo de Biafra foi derrubado e os ibos passaram a ser caçados e massacrados no país inteiro. O povo ibo, o mais progressista da região, manteve sua posição por 3 anos, mas o isolamento infligido pelas tropas federais a fome e as mortes arrasaram o país.

Em 1975 o general Gowon foi deposto. Seu sucessor, o brigadeiro Murtala Ramat Mohamed, foi assassinado em 1976, após ter convocado eleições gerais, que se realizaram em 1979, sob o governo do general Olusegun Obasanjo. Foi promulgada uma constituição e eleito presidente Alhaji Shehu Shagari, reeleito em 1983. Novo golpe militar deu o poder a um Conselho Militar Supremo, substituído em 1984 por um governo de maioria civil, presidido pelo general Mohamed Buhari.


Shehu Usman Aliyu Shagari, Turakin Sakkwato (nasceu em 25 de Fevereiro de 1925)

Em 1985, o general Ibrahim Babangida tomou o poder, prometeu restaurar o sistema constitucional e iniciou um programa de saneamento financeiro. A história da democracia nigeriana tornou-se uma longa sucessão de golpes. Em 1993, a eleição geral, com vistas à redemocratização, foi anulada pelo Conselho de Defesa e Segurança Nacional, ante a vitória do oposicionista Moshood Abiola.
Depois das eleições de 1993, que foram canceladas pelo governo militar, o general Sani Abacha subiu ao poder.

Em 1998, Abdulsalami Abubakar tornou-se o líder do SMC, Conselho Provisório de Regulamentação.
A Nigéria elegeu Olusegun Obasanjo como presidente, foram as primeiras eleições em 16 anos. Obajano e seu partido também ganharam as turbulentas eleições em 2003.



Oluṣẹgun Mathew Okikiọla Arẹmu Ọbasanjọ (nascido em 5 de Março de 1937) foi um presidente da Nigéria

A mineração da Nigéria

A Nigéria tem jazidas de carvão, mármore e estanho, mas o petróleo é o principal recurso do subsolo. Descoberto no delta do Níger na década de 1950, logo transformou a Nigéria num dos maiores produtores mundiais. Há jazidas de gás natural, mas a exportação do produto é dificultada pelas distâncias. A economia do país depende fortemente dos preços internacionais do petróleo.
Eis um dos principais interesses internacionais no país.

A Nigéria Hoje

Hoje estima-se que há mais de 250 grupos étnicos na Nigéria. Enquanto nenhum grupo individual goza de uma maioria numericamente absoluta, quatro grupos principais constituem 60% da população: Hauçá-Fulani no norte, Yorubá no oeste,e Igbo no leste. Os demais grupos incluem: Kanuri, Bini, Ibibio, Ijaw, Itsekiri, Efik, Nupe, Tiv e Jukun.

Entre 1987 e 1991,um total de onze estados foram criados, apenas recentemente em 1996, mais seis estados foram acrescentados, levando a estrutura administrativa da federação para trinta.


Umaru Musa Yar'Adua (Katsina, 1951) é o presidente da Nigéria.
Atua presidente da Nigéria

Bibliografia

http://www.brasilescola.com/geografia/nigeria2.htm
(acessado em 19/10/2008).

http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/nig%E9ria/nigeria-4.php ( acessado em 19/10/20080.
 
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