26 março 2008

Revolução Chinesa

REVOLUÇÃO CHINESA


Mapa da Ásia


Mapa da China

A peculiaridade da Revolução chinesa

A Revolução Chinesa resultou da mais longa guerra civil do nosso século: nacionalistas contra comunistas. Iniciado o conflito nas cidades do sul da China, em 1927, acabou como uma guerra generalizada que durou 22 anos.

Os períodos da guerra civil na China

A guerra civil pode ser classificada em 3 períodos:

O primeiro - 1927 a 1930 (quando a estratégia do PC chinês orientava-se para o assalto e a ocupação de cidades, como Shangai, Cantão e Changsha, onde seus seguidores foram derrotados e expulsos).


O segundo - 1930 a 1937 (quando a liderança do PC chinês concentrou-se em Mao Tse-tung, ocorrendo a radicalização do PC chinês que tratou de formar e consolidar os chamados "sovietes rurais" com apoio dos camponeses do interior. Mao Tse-tung estabeleceu como estratégia do partido uma luta de longa duração, por meio da guerra de guerrilhas. Após ocorreu a Longa Marcha (1934/35). Percorrendo 10 mil Km. Por ser uma região árida e inóspita, ela os protegeu tanto dos ataques dos nacionalistas como da invasão japonesa que começou em julho de 1937)

O terceiro - ocorreu ao término da Segunda Guerra Mundial (quando os guerrilheiros maoístas, depois da guerra civil, acabaram com as divisões do General Chiang Kai-shek, expulsando-o do país e fundando a República Popular da China em 1º outubro de 1949).

O caráter nacional e camponês da Revolução Chinesa

Na revolução chinesa (1949) os comunistas chineses, ou maoístas, adaptaram suas idéias às circunstâncias da China camponesas humilhada pelas potências coloniais.

Outra questão é que a atividade revolucionária chinesa possuía raízes no campo. Portanto foi a maior revolução social de âmbito restrito.
Maoístas e bolcheviques, ou seja a proximidade com as idéias da URSS
Vantagens que favoreceram a implantação do socialismo na China:
A base social dos maoístas foi ampla. Atrás dos exércitos de Mao Tse-tung encontravam-se milhões de camponeses, de operário, de estudantes e de intelectuais.
O estado-maior revolucionário chinês possuíam experiência administrativa, política e militar obtida na gerência dos sovietes de Kiangsi e Shensi.

A existência da União Soviética com potencial nuclear, a conseqüência disso para os maoístas foi a existência de um mundo menos hostil para sua política e a experiência da URSS poupou aos chineses sofrimentos e traumas para a implementação do seu regime. A barreira para transformar a China e fazê-la avançar, era o imenso atraso do um país cujo desenvolvimento tecnológico, científico e educacional era praticamente inexistente .

A agressão ocidental na história da China

O litoral da China começou a ser assediado no século XVI, quando navios portugueses chegaram a Macau (1513). Os imperadores chineses porém foram sempre receptivos. Confinaram o comércio com os estrangeiros ao porto de Cantão (Guangzhou). Mas nos séculos XVII, XVIII e XIX a conquista da Índia pela Companhia Inglesa das Índias Orientais, cientes da sua superioridade militar e técnica, dominaram o litoral da China. O principal produto que ofereciam aos chineses era o ópio, que traziam da Índia em troca de prata e das mercadorias chinesas, como a seda, a porcelana e o chá.

Devido aos efeitos da droga, o imperador Daoguang, decretou a apreensões das caixas de ópio. O ato serviu de pretexto para a Inglaterra declarar guerra à China (1839-42). A superioridade tecnológica da esquadra inglesa forçou o imperador à rendição. As partes assinaram o Tratado de Nanquim em 1842. O que obrigou a China a abrir cinco dos seus portos em caráter permanente, assim como ceder Hong-Kong aos comerciantes ingleses. O sucesso da Inglaterra serviu de estímulo para que as demais nações colonialistas assaltassem a China.

O enfraquecimento da autoridade central

Um movimento religioso dos Taiping (1851-1864), liderado por Hong Xiuquan, tentou formar um governo alternativo, o Reino Taiping. Esta luta fraticida enfraqueceu mais a autoridade central. Os taipings são sufocados. Mas revela a fraqueza chinesa, o que leva o governo a uma tentativa de modernizar a China "pelo alto". É o Movimento Iang-wu (conduzir os negócios a moda ocidental) (1860-1880), seus integrantes vinha da elite palacina, eram mandarins e acadêmicos, que pensavam em adotar técnicas militares e administrativas ocidentais ao mesmo tempo em que mantinham intactas as estruturas sociais e políticas da China. Este movimento foi fracassado devido a agressões externas sofridas pela China. Guerra contra a França em 1884/5 e o Japão em 1894/5 acabaram com as tentativas "modernizantes" proclamadas pela elite imperial.

No campo, as relações não mudaram. Os grandes proprietários detêm o controle sobre 50% das terras aráveis e aos camponeses outros 35% delas, Enquanto isso, mais de quatrocentos milhões de camponeses pobres são obrigados a se contentar com os 15% restantes. Esta situação deixa um campi propício ao surgimento da Revolução chinesa que foi apoiada pelos camponeses.

O Kuomintang

O inconformismo com a presença estrangeira gera conflitos internos. Um dos principais opositores foi Sun Yat-sem (1866), que fundou em 1894 a União pelo Renascimento da China, cujo programa tinha por base o nacionalismo e a modernização do país. Estas idéias apoiadas na queda do governo manchu, em uma república, no favorecimento a nacionalização da terra, na cooperação sino-japonesa e no reconhecimento da revolução chinesa. As idéias de Sun Yal-sem o levaram ao exílio no exterior (1895 a 1911).

Antes da proclamação da República em 1911, a China ainda faz tentativa de expulsão dos estrangeiros, na rebelião os Boxers (1900).
A rebelião dos Boxers ou Movimento Yijetuan era nacionalista. Eclodiu em Pequim, devido a uma série de abusos cometidos pelos estrangeiros.Para sufocá-la organizou-se uma tropa de 20 mil soldados (japoneses, russo, ingleses, americanos, franceses e alemães) para ocupar a sede imperial. Os boxers foram sufocados e suas lideranças decapitadas.

O colapso do regime manchu chega a seu fim com a deposição da dinastia Ching. O seu último representante o imperador-menino Puyi foi afastado do governo. O presidente provisório Sun Yat-sen porém não conseguiu manter-se no poder e renunciou em 1911. Assume a presidencia o general Yaun Shin-kai, que faz as maiores concessões aos estrangeiros devido a falta de apoio interno e a desorganização geral do país.
O desaparecimento do poder central acelerou a proliferação pela China as figuras dos senhores da guerra (tukiuns), déspotas locais que possuem exércitos, que espoliam os camponeses e lutam entre si.

Assim em 1912, fundou-se o Kuomintang (Partido Nacional do Povo), que tem seu cérebro teórico em Sun Yat-sen e o jovem general Chiang Kai-shek. Rapidamente os nacionalistas ganham prestígio na China meridional, enquanto o norte do país se vê convulsionado pelas quadrilhas dos senhores de guerra que lutam pelo controle de Pequim. O projeto do Kuomintang prevê a unificação nacional sob uma liderança baseada em uma organização autoritária sem participação popular.

A Primeira Guerra Mundial eclode na Europa (1914) e o Japão obriga a China e aceitar as "21 petições".

O impacto da Revolução Russa de 1917 teve enorme repercussão sobre a China. A partir de 1918 registra-se uma mudança na postura chinesa em relação às regiões dominadas pelas potências européias.
Lenin (governante russo), recomendou aos asiáticos que lutassem contra o colonialismo.

Mao Tse-tung (Li Ta-chao) toma conhecimento da experiênica da URSS. Ele cria a teoria da "nação proletária" enfrentando um mundo hostil.
O Partido Comunista Chinês foi fundado, na cidade de Shangai (1921, numa das salas de um colégio católico para moças), estando presentes 57 membros-fundadores, entre os quais Mao Tse-tung.

A URSS seguindo a estratégia de apoiar movimentos nacionalistas anticolonialistas, procurou aproximar-se diplomaticamente do Koumintang. Para concretizar a aliança entre russos e nacionalistas chineses assinaram o "Pacto Yoffe - Sun Yat-sen"(1923). Segundo este os soviéticos passariam a dar assistência administrativa e militar aos chineses e ordenavam ao PC chinês a dar seu apoio integral ao Kuomintang.

O Movimento Quatro de Maio (1919) é o momento de separação das idéias. Teve suas causas antes quando os chineses declaram guerra à Alemanha. Tinham a esperança de se livrar dos colonizadores no período pós-guerra. Após a guerra no tratado de Versalhes (1919), as solicitações chinesas não foram aceitas pelos países coloniais. Isto provocou manifestações estudantis, em Pequim. A eclosão das manifestações teve início em 4 de maio de 1919 e se espalhou pelo país. A eles juntaram-se jornaleiros, artesãos e trabalhadores e acendeu o radicalismo político e exerceu enorme influência cultural com sua crítica acerbada ao confucionismo e ao imobilismo social da China. Os antigos valores entravam definitivamente em declínio. Para a nova geração de chineses era necessário superar a mediocridade, a paralisia chinesa e a subordinação às potências colonialistas.

A ruptura

A aproximação no plano externo do Kuomintang com a URSS, e com o Kungchantang (PC chinês) no plano interno, foi uma decorrência lógica da postura política dos nacionalistas chineses. Hostilizados pelos ocidentais, procuraram a aliança com os soviéticos. Representando as tendências da burguesia urbana, o Kuomintang guardava distância dos latifundiários rurais e dos senhores da guerra e encontrava um denominador comum com os comunistas.

Rapidamente os soviéticos enviaram assessores para auxiliar os chineses. Os setores direitistas do Koumintang manifestam sua desconfiança para com eles. O número de militantes do PC chinês que era de 57 membros em 1921 em 1927, ano da ruptura com Kuomintang, possuía 57.963 membros.

Enquanto isto, Chiang Kai-shek deu os primeiros passos em 1926 na "campanha do Norte" contra os senhores da guerra. No entanto as lideranças operárias, corporativas e sindicais, motivadas pelos comunistas, começaram uma rebelião. Chiang Kai-shek ficou entre as duas alternativas: ou apoiava as comunas vermelhas recém instauradas ou as sufocava. Optou pelas comunas vermelhas. Ao ocuparem algumas cidades, suas tropas massacraram sindicalistas chineses. Matou 37.985 mil pessoas e mais 13 mil foram executados depois. O resultado prático foi o rompimento com a URSS e a morte de quem fazia parte do PC chinês. Desde então abriu-se uma trincheira entre nacionalistas e comunistas.

Em 1930, os comunistas fizeram sua última tentativa de atacar as cidades, mas foram escorraçados. Com a direitização do Koumintanginiciou-se a guerra civil que só iria terminar com a vitória de Mao Tse-tung em 1949.

A revolução camponesa

"Dentro de pouco tempo, centenas de milhões de camponeses das províncias do centro, do sul e do norte da China se levantarão como uma tempestade, um furacão, como uma força impetuosa e violenta que nada, por poderoso que seja, os poderá deter. Romperão com as amarras e se lançarão pelo caminho da liberdade. Sepultarão a todos os imperialistas, caudilhos militares, funcionários corruptos e déspotas locais. Todos os partidos e camaradas revolucionários serão submetidos a prova perante os camponeses e terão que decidir de que lado se colocam (...)" - Mao Tse-tung "Relatório s/uma investigação do movimento camponês em Hunan, in Obras Escogidas, v. 1, p. 19-20.

O PC chinês foi obrigado a rever sua estratégia de ação política, pois suas organizações urbanas foram dizimadas. A liderança do PC passou para Mao Tse-tung. Ele era um homem ligado preso as coisas da terra. A imagem do homem do campo chinês, paciencioso, humilde, servil e fatalista, deveria ser reavaliada. Havia uma revolução social em andamento no interior da China e os comunistas estavam à margem dela.

Ele descreve em um relatório a exploração e obediência ao qual os camponeses estavam submetidos: "Na China, os homens vivem dominados geralmente por quatro sistemas de autoridade: 1) o sistema estatal (a autoridade política, estruturada em órgãos de poder em nível nacional, provincial, distrital e cantonal; 2) o sistema de clã (autoridade do clã), que compreende desde os templos ancestrais no clã, na linhagem chegando até os chefes de família; 3) o sistema sobrenatural (a autoridade religiosa) constituído por um conjunto de forças subterrâneas, o rei dos infernos, o deus protetor das cidades e as divindades locais, e pelas forças celestiais; deuses e divindades, desde o Imperador dos Céus até os mais diversos espíritos"; e 4) o sistema marital, que obriga a esposa a uma espécie de submissão permanente ao marido e ao resto da familia dele. Concluiu que "estas quatro formas de autoridade, a da política, do clã, a religiosa e a marital, encarnam a ideologia e o sistema feudo-patriarcal em seu conjunto e são as quatro cordas que mantém amarrado o povo chinês". Mao Tse-tung proclama ao que restou do PC chinês a abraçar a causa camponesa e dirigir o poderoso "furacão" no sentido de transformar radicalmente a sociedade.

De seu refúgio, em 1930 designara como "Governo provincial soviético de Kiangsi", recebeu a adesão de Chu Teh, um hábil estrategista militar, um perito em guerra camponesa, e que foi um dos mais célebres dos comandantes vermelhos. Aquela região inóspita e afastada lhe servirá como a primeira base e como laboratório para suas experiências sociais no que toca à organização do trabalho coletivo, à supressão da propriedade da terra e a difusão do ensino das primeiras letras.
O exército Vermelho, o exército do povo

Mao Yse-tung considera o seu exército como "a Revolução em marcha". No dizer de Guillermaz o exército vermelho era diferente em relação ao povo.Não se apresentava como o Exército da Nação, mas como Exército do Povo.

A organização geral do exército dos vermelhos obedecia ao modelo de 3 divisões (shih) por exército (chun), cada um com 3 regimentos (tuan) que se subdividiam em companhias, batalhões, seções e pelotões. Os oficiais eram eleitos pelas tropas e não tinham insígnia ou privilégio.

O exército de Mao gozava da simpatia popular, pois era disciplinado e não saqueava. A tradição era o contrário disso. Mao estimulou o aprimoramento das estratégias. “Se o inimigo ataca, eu retrocedo; se o inimigo recua, eu o persigo; se o inimigo se detém, eu o hostilizo; se o inimigo se reagrupa, eu me disperso". Snow, Edgar - Red. Star Over China, p. 202.

De 1928 a 1937

Chiang Kai-shek estimulou o Movimento "Vida Nova", um pouco fascista+elementos do cristianismo+restauração confuciana. Chiang Kai-shek estabelece acordos com os senhores da guerra e aproxima-se da Alemanha de Hitler, que lhe fornece equipamentos militares. Este alinhamento com a Alemanha não funciona quando o Japão, aliado da Alemanha ataca a China, em 1937. O general Chiang Kai-shek buscou auxílio junto aos E. U., que estavam interessados em impedir a expansão nipônica.

Mao Tsé Tung suportou as "campanhas de extermínio" de Chiang Kai-shek.
Os movimentos republicano(1911) e o nacionalista (1923), fracassaram porque configuravam-se como "revoluções burguesas" da elite enquanto que a necessidade era atender aos camponeses, maioria da população. Assim só restou ao Partido Nacionalista virar num movimento contra-revolucionário.

A partir do Congresso do Komintern, em 1935, a determinação da Internacional Comunistas era pela formação de "Frentes Populares" que congregassem todas as forças antifascistas numa frente de luta em comum.

O Japão ainda ameaçava os chineses.

A Longa Marcha

Mao Tse-tung, juntamente com seu comandante militar Chu Teh, resolveram-se por uma retirada. Começava então a Longa Marcha (1934 a 1935). Combatendo ao mesmo tempo em que se retirava, o Exército Vermelho conseguiu romper as quatro linhas de cerco que os nacionalistas haviam construido para impedi-los de fugir. Percorreu 10 mil Km, a pé. Enfrentou a fome, doença, a neve, combates e escaramuças. De 80 mil que partiram de Kiangsi, 9 mil sobeviveram.

Em Shensi, 15 mil guerrilheiros aguardavam,vindo de outras partes do país. A "Longa Marcha" assegurou a sobrevivência do movimento comunista na China. Todo o alto comando se seuinia ali e a marcha contribuiu para dar ao PC chinês a mais ampla autonomia em relação a Moscou, projetando Mao Tse-tung como um líder de dimensões nacionais.

O incidente de Sian: ao tentar reanimar suas tropas para o combate, o generalíssimo Chiang Kai-shek, provocou um motim das tropas comandadas pelo Jovem Marechal Zhang Xueliang, em 1936. O generalíssimo foi sequestrado pelo seu próprio general que só foi libertado ao prometer concentrar seus esforços nacionais na luta contra o Japão. Este episódio abalou sua autoridade - chamado de incidente de Sian - era demonstração de insatisfação com o comando de Chiang Kai-shek.

Em 1937, os nipônicos perto de Pequim, desencadearam a ofensiva geral sobre as províncias do Norte chinês. Esta ofensiva vitimou 10 milhões de chineses e que só encerraria em 1945 com a rendição do Japão.

A guerra Sino-Japonesa

1937-1941 - Divide-se em 2 períodos

O primeiro, denominado de período crítico, quando os nipônicos lançam sua ofensiva-relâmpago sobre as províncias do Norte e Leste (Hopei, Shantung, Shansi, Chamar e Suyan) com o objetivo de separá-las da China, seguindo os ditames do "Memorial Tanaka". Numa audaciosa operação de desembarque, ocuparam ao sul Cantão e Hong Kong. Isto foi possível pos a China estava politicamente desorganizada, onde havia a rivalidade militar entre nacionalistas e comunistas.

A estratégia japonesa baseava-se em sua mobilidade. Na ofensiva-relâmpago ocuparam Pequim, Tientsin, Shangai e Nanquin.

O estrupo de Nanquim

Antiga capital imperial e sede do governo de Chiang Kai-shek, os soldados japoneses sob o comando do general Iwane Matsui realizaram a partir de 1937 as maiores atrocidades da história contemporânea, visando a humilhação total dos chineses. O governo japonês permitiu que suas tropas submetessem os habitantes ao saque, toruta, fuzilamento e estupro. Mais de 300 mil civis - um holocausto oriental.

Os japoneses invadiram Indochina, Indonésia, Malásia, Filipinas e Birmânia, seguida da decisão de extender a guerra contra os Estados Unidos - ataque japonês à base naval americana de Pearl Harbour em 1941. Este fato obrigou os japoneses a lutar no pacífico e declinarem das atividades bélicas no fronte da China.

1941-1945

No segundo período, os Estados Unidos assumem a tarefa de derrotar os japoneses, enquanto os exércitos nacionalistas chineses atuam apenas em pequenas escaramuças visando à fixação e ao desgaste do inimigo.

Consciente da sua absoluta inferioridade militar e estratégica, Chiang Kai-shek adota a estratégia de "vender espaço para ganhar tempo". A “tática da terra arrasada”.

A estratégia de Chiang Kai-shek

Rapidamente os japoneses deram-se conta de suas limitações. Possuíam tropas somente para uma ocupação extensiva (controle das cidades, portos, pontes, vias férreas, estradas, passagens fluviais e posições fortificadas), mas não intensiva, impedindo-os de aprofundar suas conquistas. As aldeias, vilarejos não ficaram sob seu controle direto. Os japoses procuraram entre os chinese aliados. Os notáveis locais mostravam-se subservenientes aos estrangeiros, passaram a merecer o mais absoluto desprezo dos camponeses que, revoltados, permitiam a infiltração dos guerrilheiros maoístas nas aldeias e vilarejos.

A China iniciou a guerra com 1.788.000 de soldados. A guerra provocou mais mortes por privações e enfermidades do que pelos combates. Segundo dados oficiais, 1.761.335 feridos, 1.319.958 mortos e 130.116 desaparecidos (Guillermaz, pags. 337 e 38).(9)

A estratégia de Mao Tse-tung

Mao participou da "Frente Unida Antijaponesa", onde ofereceu-se para que o Exército Vermelho se subordinasse a um comando únificado chefiado por um general do Kuomintang, Mao Tse-tung estabeleceu uma estratégia própria para enfrentar o invasor. A China não podia esperar sentada a paz, mas também, não tinha forças suficientes para manter o inimigo fora do território nacional. Para infernizar os japoneses era preciso fazer uma rede de guerrilhas camponesas que, construindo uma série de labirintos subterrâneos, defenderiam as colheitas e as vidas dos aldeões ao mesmo tempo que cortavam ou destruíam sistematicamente a rede de comunicações do inimigo.

As guerrilhas viam seus quadros se ampliarem na medida em que cada vez era maior o número de desgostosos com a apatia de Chiang Kai-shek. Esses fatores fizeram brotar nos camponeses uma consciência nacional, um "nacionalismo de massas", que até então era atributo das populações urbanas, levando a que eles identificassem em Mao Tse-tung o seu líder inconteste.

Os efetivos maoístas, em 1937 oscilavam de 40 a 80 mil homens, chegaram a ter de 600 a 900 mil guerrilheiros, ao fim da guerra. Se calcularmos que para cada guerrilheiro existiam cinco milicianos, seu apoio se estendia para 3 ou 4 milhões e meio de camponeses. Nas zonas controladas pelo Kuomintang, os camponeses se mostravam arredios em colaborar, pois seu pior inimigo era o exército nacionalista que cometia saques, confiscos e conscrições forçadas (L. Bianco, Las origenes...p. 203). (10)

Da grande aliança à Guerra Civil

(1945-49)

A China na época da Guerra sino-japonesa está dividida em 3 áreas: 1) a de domínio dos japonesas que ocupavam as regiões mais ricas e industrializadas do país; 2) a que ficava sob controle de Chiang Kai-shek, o ditador chefe do Koumintang, na Província de Szechwan no sul do país; 3) e o santuário de Mao Tse-tung, em Yenan na província nortista de Shansi.

Chiang Kai-shek, temendo mais os comunistas do que os invasores, guardou parte do arsenal militar recebido dos aliados ocidentais para a guerra contra Mao Tse-tung. Aos olhos da opinião pública Chiang foi fraco e incompetente.

A infrutífera aliança

Conforme o fim da guerra foi se aproximando, vislumbrava-se a derrota japonesa. EUA e URSS insistiram na necessidade de um governo de coalizão nacional para promover a unidade da China no período pós-guerra. Que Chiang Kai-shek e Mao Tse-tung encontrassem um meio de conviver. Mas os desacertos da política estratégica chinesa eram tamanhos e a inoperancia dos exércitos do general Chiank Kai-shek era tão evidente que os Estados Unidos chegaram a tentar impor o General Stewell como comandante das forças chinesas, mas chineses não aceitaram.

O acirramento da rivalidade entre Chiang e Mao: o avanço das forças soviéticas pela Manchúria, em 1945 e o lançamento das bombas atômicas sobre o Japão, encerrou de repente a guerra na Ásia. O Japão rendeu-se em 1945.

Chiang Kai-shek e Mao Tse-tung trataram de ocupar o espaço vazio deixado pela evacuação dos exércitos nipônicos. O general Mac Arthur, supremo comandante americano do Pacífico, recebeu ordens de apoiar ChiangKai-Shek nesta operação. Milhares de soldados nacionalistas foram então enviados para as províncias do norte-nordeste - onde até então havia se concentrado o grosso da força de ocupação japonesa -, com a colaboração da esquadra e da força aérea americana. Os soviéticos permitiram que os guerrilheiros de Lin Piao se apropriassem do valioso equipamento militar deixado pelos japoneses na Manchúria.

Chiang Kai-shek e Mao Tse-tung encontraram-se em Chung-King em 1945, na tentativa de um acordo. O governo nacionalista de Chung-king, socialmente isolado, acabou sendo identificado com a "velha ordem" a ser destruída. Assim, a revolução social teve seu andamento. A Chiang Kai-shek só restou declarar novamente a guerra civil em janeiro de 1946, para deter os comunistas em definitivo.

A vitória do maoísmo

Lançado em 1946, Chiang encerrou o período de trégua entre o Kuomintang e os comunistas. Os nacionalistas tinham 3 milhões de homens e ajuda financeira e bélica dos EUA. Os maoístas, por seu lado, dispunham para a Guerra de Libertação de 1/3 das forças com que o Kuomintang contava, mas seu moral era elevado e eram herdeiros de uma tradição de luta que remontava às barricadas de Shangai de 1927, à epopéia da Longa Marcha de 1934-5, e à duríssima guerra de guerrilhas travada contra o exército japonês que durara oito anos.

A liderança de Mao Tse-tung revelou-se um inquebrantável líder, sendo capaz de fazer seus seguidores entregar a vida à causa. O seu principal assessor era Chou En Lai, um descendente de uma familia tradicional, nascido em 1898, que aderira à revolução nos anos 20, e que revelou-se um hábil diplomata e sutil articulador político. No campo militar contava com o estrategista Chu Teh e com o líder guerrilheiro Lin Piao, além de outros experientes combatentes como Chen Keng e Liu Pocheng, que comandavam tropas aguerridas e calejadas por inúmeras batalhas.

Quanto à origem social dos membros do PC chinês, 1/3 da nobreza rural, 1/3 da burguesia, 1/3 eram de classe média, de operários e camponeses.

O ataque final de Mao Tse-tung

Após a ofensiva nacionalista que procura atingir suas bases em Yenan, onde o general nacionalista Hu Tsung-nan teve seu exército detido e esfacelado pelas táticas da guerrilha, Mao Tse-tung ordenou uma contra-ofensiva geral sobre as áreas nacionalistas baseado na "Estratégia da Terceira Guerra Civil" ou seja: 1) atacar primeiro as forças dispersas do inimigo, depois atacar as forças concentradas, mais fortes; 2) tomar as cidades pequenas e médias e extensas áreas rurais, depois as grandes cidades; 3) principal objetivo o extermínio dos efetivos militares do inimigo e não ter intenção de manter ou sustentar uma cidade; 4) procurar concentrar uma força militar absolutamente superior para poder cercar completamente o inimigo e lutar para exterminá-lo por completo, "não deixando um só escapar..."

Em 1948, após uma série dessas operações, o Exército de Libertação Popular saiu-se vitorioso.

Muitas dessas batalhas, tiveram poucos mortos em razão de um antigo hábito de combate chinês, no qual exércitos inteiros de nacionalistas se entregaram sem disparar um tiro porque seus comandantes, sentindo-se inferiorizados em forças e em ânimo, sem condições portanto de levar o combate às suas últimas conseqüências, decidiam-se por negociar a sua conversão, passando-se em massa com suas armas e bagagens para o lado dos maoístas.

A China Popular e a China Nacionalista

Com a debandada crescente dos nacionalistas, Mao partiu para tomar Nanquin, a ex-capital do Kuomintang. Não restava mais nenhuma força organizada na China para se opor aos exércitos maoístas. Mao Tse-tung proclamou a República Popular da China no dia 1º de outubro de 1949, dando por encerrada a guerra civil. Chiang Kai-shek fugiu, refugiou-se na ilha de Taiwan (Formosa). Desde então a China ficou dividida politicamente numa parte continental, a China Popular; e numa parte insular, a China Nacionalista. A primeira aliou-se com a URSS até que, por razões ideológicas, ambas romperam em 1960, enquanto que a segunda continua até hoje um satélite da politica norte-americana na Ásia. Quanto ao povo chinês, pela primeira vez em mais de um século da sua história voltava a ver um governo restabelecer o controle único sobre o país inteiro (com exceção do Tibete e de Taiwan) e despachar os estrangeiros para fora da China.

Uma das primeiras medidas dos revolucionários foi abrir ao povo da capital os portões da Cidade Proibida, o milenar núcleo do poder imperial da velha China.


























Rever o texto abaixo!!!
O pensamento político de Mao Tse Tung
Mao Tse-tung ocupa um lugar especial como teórico no movimento marxista. Tornou-se um dos maiores estrategistas dos países do Terceiro Mundo ao elaborar uma doutrina teórico-prática adaptada às peculiaridades da Ásia colonizada e semi-colonizada: uma fusão de nacionalismo (reconhecendo a importância das expressões da cultura nacional) com o marxismo (o conceito de lutas de classe e a perspectiva internacional). Os principais textos de militares e politicos de Mao Tse-tung, com exceção do renomado "relatório", foram escritos depois da Longa Marcha quando ele fixou-se em Yenan e encontrou o tempo necessário para pensar e redigir. Num primeiro momento, como se sabe, os marxistas chineses, na época da fundação do PC chinês no começo dos anos 20, estavam - como os demais marxistas espalhados pelo mundo - embebidos pelos conceitos bolcheviques, com sua ênfase na classe operária e nas lutas urbanas. Para eles, era indiscutível que a liderança na luta contra o imperialismo e a estrutura feudal ainda vigente na China cabia ao proletariado industrial, à gente das grandes cidades, restando aos camponeses a função de "reserva tática".

A primeira mudança nessa orientação foi lançada por Mao Tse-tung com seu "Relatório sobre a província de Hunan" aparecido em 1927. No entanto, isso só lhe causou dissabores. Os militantes do PC chinês daquela época estavam fascinados pela Revolução Russa e continuavam estruturalmente vinculados às áreas urbanas, mostrando-se reticentes em aceitar a "hegemonia camponesa", proposta implicitamente no relatório. A ruptura com o Kuomintang em 1927 e a caça aos quadros comunistas urbanos que se seguiu vieram dar razão a Mao Tse-tung.

A política da Frente Popular: na década de trinta, respirando o clima de "Frente Unida" contra a expansão japonesa e contra o nazi-fascismo, observa-se um abandono por parte de Mao Tse-tung de suas posições mais radicais contidas no "Relatório" de 1927. A premência em derrotar os japoneses obrigou-o a alterar substancialmente a política agrária igualitária que defendera nos tempos de Kiangsi, pois doravante tratava-se de conseguir obter a adesão de um leque social o mais vasto possível, que englobasse não só os camponeses pobres, mas todos os que exploravam as terras com suas próprias mãos, o que incluía os chamados camponeses remediados e até mesmo os ricos que não haviam se seduzido pelo colaboracinismo. Devia isolar-se apenas os latifundiários e os usuários, geralmente simpáticos ao invasor. A política de frente ampla levou Mao a reconhecer potencialidades revolucionárias na burguesia nacional chinesa, na medida em que tanto os japoneses (pela ocupação e expropriação) como os ocidentais (pelos tratados econômicos e acordos comerciais) impediam o crescimento econômico e social dela.

Exemplo dessa moderação foi a formação de governos aldeãos nas áreas ocupadas pelos comunistas, onde os militares do PC tinham sua presença limitada a 1/3 dos representantes, deixando as demais classes comporem os restantes. Para proteger os camponeses pobres, limitou-se sua contribuição em espécie a 30% da colheita, mantendo-se a pratica da conciliação com os arrendatários. Mao Tse-tung compreendia perfeitamente bem que os camponese chineses não se tornavariam revolucionários do dia para a noite. Deparou-se com obstáculos milenares, entre elas a tradição servil deles que só muito lentamente poderia ser subvertida. Era o ritmo dos acontecimentos, isto é, as pilhagens e saques feitas na área rural pelo Exército Imperial japonês e a inoperância do Exércio Nacionalista que fariam os camponeses reagir. E tudo isso demandava tempo.

O caminho da revolução social: este implicava na adoção de uma estratégia política própria. Taticamente, devido a insuficiência de forças, seja contra o Kuomintang, seja contra os japoneses, era preciso adotar a guerra de guerrilhas. Este tipo de luta tinha uma dupla função: formar um exército de novo tipo, estreitamente vinculado à causa do povo pobre, e partir para uma longa guerra contra os adversários, levando-os à inanição e ao desespero. A aglutinação de forças para a batalha definitiva só se daria na etapa final quando o inimigo não tivesse mais condições de resistir ao poder militar dos maoístas. Para a elaboração da sua doutrina, Mao Tse-tung publicou uma série de textos entre 1938 e 1940, que são os seguintes: Sobre a guerra prolongada (1938), A Revolução Chinesa e o Partido Comunista da China (1939), e Sobre a Nova Democracia (1940).

A Nova Democracia: Mao Tse-tung neste último texto, elabora a teoria que lhe servirá de orientação na condução da guerra contra o Japão e no posterior enfrentamento com Kuomintang. Num primeiro momento ele acredita que a China passaria por duas etapas políticas distintas; a primeira delas seria dominada pela formação da Nova Democracia baseada numa ditadura policlassista. O estado futuro na China, ao contrário da ditadura monoclassista bolchevique na URSS, resultaria de uma aliança de várias classes sob hegemonia dos camponeses. Neste primeiro momento, o regime não será proletário nem burguês, mas democrático centralizado baseado em eleições em todos os níveis (das aldeias ao Congresso Nacional). A complementação econômica dessa fase será eclética: o estado será proprietário das atividades monopolíticas (bancos, indústrias importantes, infra-estrutura de transportes, etc...), formando o setor socialista da economia, constituíndo-se na força dirigente da economia nacional. Haveria a continuidade de toda uma gama de atividades de pequeno porte que se manteriam sob controle privado (artesanato, pequenas e médias indústrias e o comércio de pequeno porte). No campo só seriam expropriadas as terras dos latifundiários, mantendo-se a existência econômica do camponês rico, desde de que obedecido o princípio da "terra para quem nela trabalha". Após cumprida essa etapa - a da Nova Democracia -, é que a China estaria em condições de dar seu salto rumo ao socialismo, amplamente apoiada pela União Soviética. A velha sociedade semicolonial e semifeudal teria desaparecido e uma nova nação surgiria.

A Nova Democracia naufragou devido a Guerra da Coréia (1950-1953). A presença das Forças Armadas norte-americanas nas proximidades da fronteira da Manchúria chinesa e as ameaças da parte do General Douglas MacArthur, o supremo comandante americano na Ásia, de uma ataque atômico preventivo no território chinês fizeram com que as intenções conciliadores e moderadas dos primeiros tempos do maoísmo fossem rapidamente substituidas pela clima de "pátria em perigo", frustando assim os que esperavam uma atitude mais liberal por parte dos comunistas.











.Não se apresentava como o Exército da Nação, mas como Exército do Povo.






Os Passos da Reconstrução Nacional
"Toda a China ferve de entusiasmo."
"Desprezar as ilusões, preparar-se para a luta." - 14 de agosto de 1949.
Mao Tse-tung : Obras Escogidas. V, IV, p.447

Numa entrevista com o Marechal Montgomery alguns anos após tomado o poder, Mao Tse-tung lamentava o enorme desconhecimento dele e de seus seguidores mais chegados sobre as dificuldades do seu país. De fato é fácil imaginar os obstáculos que os novos dirigentes se depararam ao tentar estabilizar uma nação que desde as Guerras do Ópio (1839-42) vivia num caos permanente. A China encontrava-se politicamente esfacelada pelos infindáveis conflitos intestinos provocados pela longa decadência do império, seguida na república pelos tumultos provocados pelos senhores da guerra e pela torturante presença da opressão colonialista. Agora, com a fundação da China Popular, os líderes lançavam-se num trabalho exaustivo. Não bastava apenas reconstruir uma sociedade dilacerada pela guerra civil, pela presença estrangeira e pela invasão japonesa, era necessário revolucioná-la.
A Caça aos Inimigos do Povo
A China inteira entrava em ebulição revolucionária. Num primeiro momento as forças maoístas realizaram uma campanha de liquidação contra os elementos que haviam sustentado Chiang Kai-shek: funcionários corruptos, administradores provinciais, etc., além de atingir com todo rigor o rebotalho social, herança da velha sociedade chinesa: membros das sociedades secretas, bandidos, traficantes, rufiões... "inimigos do povo" de uma forma geral. O peculiar neste gigantesco processo de depuração social é de que ele contou com uma ativa presença popular convocada a engajar-se na denúncia, juízo e na condenação dos acusados. A época da sua maior intensidade deu-se na primavera de 1951 quando se calcula que em Pequim aproximadamente trinta mil reuniões foram realizadas para tal fim, com a participação de mais de três milhões de pessoas. Tudo parecia como se um povo inteiro, em enormes cerimônias tribais, não apenas localizasse suas chagas como também as exorcizassem.


A Guerra da Coréia
Os projetos mais ousados do período da reconstrução tiveram que ser suspensos devido à dramaticidade dos acontecimentos que envolveram a península coreana, vizinha da China Popular, dividida como ainda hoje se encontra, em duas esferas de influência. No dia 25 de junho de 1950, as forças armadas da Coréia do Norte comunista, franqueando o paralelo 38º, lançaram-se na tentativa da reunificação total do país embaladas pela vitória dos maoístas na China no ano anterior. O Presidente Truman, contando com o apoio do Conselho de Segurança da ONU, ordenou a mobilização das forças norte-americanas sediadas no Extremo-Oriente para que sustentassem o regime filo-americano da Coréia do Sul, aquela altura já completamente esmagado pela rapidez do ataque nortista.
MacArthur desembarca em Inchon
Conduzidas pelo herói americano da II Guerra Mundial, o general Douglas MacArthur, as forças aliadas (80% delas compostas por norte-americanos) executam uma ousada manobra de desembarque em Inchon, na retaguarda do exército da Coréia do Norte, surpreendendo-o. No dia primeiro de outubro de 1950 o contra-ataque aliado bem sucedido, repeliu o exército norte-coreano, obrigando-o a refluir para as fronteiras de 1945. A 19 de outubro os americanos tomam




Pyong Yang, a capital do norte, e seguem em direção à fronteira chinesa. Ameaçada pela presença norte-americana, a China Popular reagiu. O ministro das Relações Exteriores da Revolução, Chou En-lai, havia advertido em setembro de 1950 que "o povo chinês não ficará passivo perante uma invasão selvagem de um país vizinho pelos imperialistas".
A Intervenção Chinesa na Guerra


Lin Piao

Temendo que os norte-americanos transbordassem pelas fronteiras coreanas para dentro do território chinês, as forças maoístas, nos primeiros dias de novembro de 1950, ultrapassam o rio Yalu e executam com perfeição uma vasta operação contra-ofensiva, que levou de roldão às tropas norte-americanas. Comandados pelo célebre líder guerrilheiro Lin Piao, os chineses reconquistam Pyong Yang em quatro de dezembro e, no dia primeiro de janeiro de 1951, uma nova onda ofensiva ocupou Seul, a capital da Coréia do Sul. Esta surpreendente operação de dois meses de ataque concentrado, além de ter causado pânico nas tropas norte-americanas, levou


o general MacArthur a solicitar a autorização do presidente Truman para lançar um bombardeio atômico contra a China, alegando "não haver substituição para a vitória". O presidente, não querendo começar uma terceira guerra, desta vez atômica, não só rejeitou tal medida extrema como demitiu MacArthur, nomeando o general Ridway para o seu lugar, em 11 de abril de 1951.
O Impasse e a Negociação

Depois de detida a contra-ofensiva chinesa (que foi obrigada a recuar para trás do paralelo 38º), começaram em Pan-Mun-Jon em 25 de outubro de 1951 as demoradas conversações de paz que depois de marchas e contramarchas tiveram seu epílogo apenas em 1953, quando em 27 de julho foi acertado o cessar-fogo definitivo, ocorrendo a troca de prisioneiros.



O Primeiro Plano Qüinqüenal
Encerrado o conflito contra os norte-americanos, o Primeiro Plano Qüinqüenal (1954-57) foi posto em prática. O modelo, como não poderia deixar de ser, era o soviético, com ênfase nas indústrias de base:
O Tratado de Amizade Sino-Soviético
As relações entre a jovem revolução chinesa e o poderoso Estado soviético se estreitaram ainda mais com a assinatura de um Tratado de Amizade, Aliança e Assistência Mútua, firmado em Moscou em 14 de fevereiro de 1950. Foi quando Mao realizou sua primeira viagem ao exterior. Stalin propositadamente deixou o líder revolucionário chinês dois meses à espera de uma audiência para demonstrar quem mandava na hierarquia do movimento comunista, que a partir da Revolução de 1949 deixava de ser eminentemente russo para também abarcar os milhões de chineses.
A URSS, mesmo assim, mesmo tendo tentado enquadrar Mao Tse-tung como subordinado, compreendia perfeitamente o valor e a importância da entrada da China para a esfera socialista. Por isso o seu auxílio desdobrou-se em financiamentos e cooparticipações em projetos industriais de grande porte que se estenderam de 1950 até 1959.
O Auxílio Soviético
Dividiu-se tal ajuda em:
a. créditos a longo prazo: 300 milhões de dólares em 14 de fevereiro de 1950 e em 12 de outubro de 1954 mais 130 milhões de dólares;
b. participação na construção de 258 "grandes projetos" que se estenderam de maio de 1964 a agosto de 1958;
c. um acordo assinado em sete de fevereiro concernente a 78 projetos (desativados quando do êxodo dos técnicos soviéticos no verão de 1960).
Em julho de 1957, o então ministro das finanças, Li Hsiennien, calculou que o conjunto da ajuda soviética havia alcançado cinco bilhões e 294 milhões de yuans (equivalente a 2 bilhões e 100 milhões de dólares), quase o equivalente mencionado depois por Krushev (2 bilhões e 85 milhões de dólares).
(Fonte: Guilhermaz, Jacques. El PC chino en el poder. Barcelona, Península, 1975, p.92-3.)




Um Plano Marshall Soviético


Naturalmente que foi bem menor do que aquele proporcionado pelos norte-americanos aos seus aliados na época da aplicação do Plano Marshall, que chegou a atingir de 13 a 18 bilhões de dólares. Mas para a China este apoio financeiro se revelou particularmente importante por duas razões:
1. a ajuda soviética concentrou-se nos setores modernos da economia, tais como a siderurgia, produtos de petróleo, indústrias elétricas e mecânicas, motores e eletrônica ... a maioria dos quais não existia antes de 1949, bem como contou com o apoio de mais de dez mil técnicos dos mais variados ramos de atividade:;
2. este auxílio revelou-se uma "alavanca de Arquimedes", pois permitiu dar os primeiros passos rumo à industrialização sem passar pelos tormentos da "acumulação socialista primitiva", como deu-se na União Soviética dos anos trinta. Sem esquecermos que, em termos logísticos, essa associação com a URSS oferecia um poderoso escudo protetor contra as possíveis agressões norte-americanas baseadas na ilha de Formosa, na Coréia do Sul e no Japão.
Efeitos do Auxílio Soviético

Também contribuiu para a recuperação da economia chinesa o fato da revolução maoísta não se encontrar tão isolada como a dos bolcheviques no após-Primeira Guerra Mundial. O historiador econômico Solomon Adler comenta ainda que a China deparou-se com menos problemas que a União Soviética "porque o capitalismo havia alcançado (na Rússia) uma etapa mais elevada na indústria e na agricultura. Os kulaks, representaram um problema tão formidável que por pouco naufraga o Primeiro Plano Qüinqüenal. Na China, ao contrário, o fato do Kuomintang, o partido nacionalista, ter-se desacreditado complemente fortaleceu a unidade política interna e fez com que o novo regime se valesse principalmente da persuasão".
Persuasão e Coletivização


E a persuasão, mais do que a força, foi a principal arma da política maoísta no tocante aos projetos de coletivização da agricultura. Neste terreno era preciso cautela, pois a política agrária da revolução transtornava profundamente as estruturas milenares que moldavam a vida de 80% da população (e dado que a maioria da população urbana mantém estreitos vínculos de parentesco com o campo, significava afetar a todos). A coletivização foi antes de tudo um ato político que visava não comprometer a obra revolucionária com o conservadorismo inerente a uma sociedade basicamente rural como a chinesa.



Campanha Contra os Ricos
Os alarmas já haviam sido acionados nos vários relatórios das lideranças provinciais e distritais: tendências "capitalistas" afloravam aqui e acolá. Alguns camponeses vendiam suas terras, seja prevendo uma futura coletivização ou por se sentirem atraídos pelas seduções da cidade. Pouco a pouco uma nova camada de arrendatários fazia-se presente. Os camponeses ricos, cujas terras não haviam sido confiscadas, voltavam a atuar nas organizações rurais exercendo notável influência. No 6º Pleno do VII Comitê Central do PC chinês, realizado a 11 de outubro de 1955, tomou-se a resolução de "Agora, na nova etapa da revolução, a luta será sobretudo das massas camponesas contra o camponês rico e outros elementos capitalistas." Lembrando a retórica das campanhas anti-kulaks desencadeadas por Stalin a partir de 1929.
Conciliando a produção


A revolução nesta primeira etapa procurou conciliar formas diversas de produção (isolada, ajuda mútua e em cooperação) com tipos de propriedade igualmente diversificadas (individual, semicoletiva e coletiva) visando obter maior funcionalidade à produção agrícola bem como a capacitariam para alimentar o setor mais avançado da economia localizado nas grandes cidades. A articulação do mundo rural "autárquico" que conviveria com um setor modernizado urbano, grande absorvedor de investimentos, obedecia à chamada estratégia de "andar com as duas pernas"; uma apoiando a outra. Aos camponeses se pedia a abnegação e o sacrifício, o que, somados a infindáveis campanhas emulativas junto ao proletariado citadino, criavam um clima psicológico de fervor coletivista e patriótico.
A Consolidação das Comunas Populares
Lentamente milhões de granjas individuais passaram a ligar-se organicamente a unidades produtivas cada vez maiores, que avançaram das tradicionais cooperativas agrícolas para as famosas "comunas populares". Estas eram não só uma aglutinação de trinta ou mais cooperativas, composta por aproximadamente vinte mil pessoas, mas também uma unidade administrativa e militar preocupada com a educação e as atividades industriais e comerciais do seu meio.
AS ETAPAS DA SOCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA
Forma de Produção Tipo da Unidade Agrícola Forma de Propriedade
Isolada Granjas individuais: compreendem uma só família camponesa; propriedade puramente privada
Ajuda mútua Granjas individuais: que se unem em grupos de ajuda mútua temporária: compreendem de três a cinco famílias; não há propriedade comum
Granjas individuais: que formam grupos de ajuda mútua permanente: compreendem de 6 a 7 famílias; algo de propriedade comum em animais e implementos Individual
Em cooperação Cooperativas semi-socialistas de produtores: Compreendem de 20 a 40 ou 50 famílias, em forma crescente; propriedade comum em terras, animais e implementos, mas também propriedade individual destas três coisas Parcialmente coletiva
Cooperativas socialistas de produtores ou coletivo agrícola: compreendem 100 ou mais famílias; não existe propriedade privada da terra, animais nem implementos, exceto a horticultura Completamente coletiva
(Fonte: Adler, Solomon. La Economia China. México, FCE, 1957, p.119.)

DA POLÍTICA DAS "CEM FLORES" AO CISMA (1956-1962)
O Impacto da Desestalinização
"A política de fazer brotar cem flores e fazer cem escolas de pensamentos discutir visa a promoção do florescimento das artes e o progresso da ciência: destina-se a permitir a cultura socialista a florescer em nossa terra."
Mao Tse-tung. Sobre a linha correta e as contradições entre o Povo. 1956.
Stalin já havia falecido há três anos quando em princípios de 1956, seu sucessor, Nikita Krushev, denunciou-o no XX Congresso do PC da União Soviética. Segundo o informe secreto, Stalin foi o responsável por inúmeras atrocidades cometidas aos elementos do partido e do próprio povo soviético, a quem impingiu o "culto da personalidade", completamente estranho aos hábitos e atitudes dos verdadeiros marxistas. O impacto do pronunciamento de Krushev foi devastador para os quadros tradicionais que haviam militado na crença da infalibilidade de Stalin. Os chineses não foram a exceção. Mao Tse-tung, numa conversa reservada com Anastas Mikoyan, então integrante do presidium do Soviete Supremo e um dos últimos "velhos bolcheviques", manifestou seu desagrado com as críticas que Krushev dirigiu ao ex-secretário-geral, tentando justificar que, sob o ponto de vista das "leis objetivas", a atuação de Stalin foi positiva para o socialismo.
A desestalinização atinge a China


Mas os efeitos da desestalinização não puderam ser contidos na fronteira da Mongólia, e a lufada liberalizante também chegou à China, fazendo com que Mao Tse-tung, por sua vez, anunciasse a política das "Cem Flores". Prometeu aos intelectuais doravante melhores condições de trabalho, deplorando o sectarismo da maioria dos quadros e militantes contra eles. A campanha deveria representar uma experiência de liberdade, na expressão e na crítica, até então desconhecida.
A Conclamação
Era um Mao confiante nas realizações da revolução que anunciava: "Embora ocorram erros e defeitos em nosso trabalho, qualquer pessoa imparcial verá que somos fiéis ao povo, que estamos dispostos e somos capazes de construir nosso país juntamente com o povo, e que alcançamos grandes êxitos e conseguimos êxitos ainda maiores. A grande maioria da burguesia e dos intelectuais que vêm da sociedade antiga são patriotas; estão dispostos a servir a sua florescente pátria socialista e sabem que se afastarem da causa socialista e dos trabalhadores (...) não terão a quem recorrer e não contarão com um futuro risonho.
Podem indagar: já que o marxismo é aceito pela maioria do povo de nosso país como sua ideologia orientadora, será possível criticá-lo? Claro que sim. Como verdade científica, o marxismo não teme críticas. Se o fizesse e pudesse ser derrotado numa discussão, não teria validade. Na verdade, não estão os idealistas criticando o marxismo todos os dias de todas as formas?"
Recomenda aos quadros do partido: "a solucionar assuntos de natureza ideológica ou questões controversas só podemos usar métodos democráticos, métodos de discussão, de crítica ou persuasão e educação, não métodos de coação e imposição."


A Onda de Protestos
Os resultados foram assustadores para Mao Tse-tung. Aproveitando-se do momentâneo alívio das pressões estatais e coletivas, uma onda de protestos varreu a China Popular de cima a baixo. Ressentimentos de toda ordem afloraram numa intensidade inesperada para as autoridades comunistas. O líder revolucionário que esperava apenas críticas construtivas, deparou-se não apenas com as queixas contra os quadros do partido, como também contra o próprio princípio do monopólio político defendido por ele.
Explosão em Budapeste
A desestalinização igualmente amargou desagradáveis surpresas nos países socialistas do Leste europeu. Em março de 1956 explodiu uma generalizada rebelião em Budapeste, capital da Hungria. O que num primeiro momento visava o aparato repressivo stalinista (desmontagem da polícia secreta e o fim do regime Rakosi), rapidamente avançou para contestar a estratégia de integração plena da Hungria com a URSS. País de tradição ocidental, era difícil para os magiares o convívio com o autoritarismo soviético. Em novembro de 1956, o levante havia sido brutalmente sufocado pelos tanques russos, obrigando Krushev, fortemente criticado pelos seus pares, a recuar em seus planos de uma liberalização interna mais acelerada.
A Luta Contra o Revisionismo
No mesmo mês, Mao Tse-tung anunciou o fim da política de tolerância conclamando todos os partidos comunistas do mundo a lutarem contra o revisionismo. Além disto, ele estava sendo pressionado por altos dirigentes partidários, tais como Liu Shao-chi e o marechal Chu Teh, para que desse fim à desestalinização. A grande fonte do descontentamento havia sido a coletivização das terras empreendida com mais vigor entre 1955 e 56, que, por ter sido feita sem dispor de recursos técnicos adequados (maquinaria, fertilizantes, etc. ..), apenas feriu o humor do campesinato e estimulou a intelectualidade a ampliar seus protestos. Camponeses, operários e intelectuais que haviam-se mantido até então cordatos passaram a críticas cada vez mais abertas a estruturas políticas do país. A remoção da calota monolítica, ainda que momentânea, abrira as comportas não apenas de anseios sufocados mas também dado voz aos rancores do velho mundo chinês sacudido pelas transformações revolucionárias.
Tensão com os Intelectuais
Mao Tse-tung, que manteve num primeiro momento uma relação cordial com a intelectualidade - enquanto esta apoiava sua política anti-imperialista, independente e consolidadora da unidade nacional -, encontrou cada vez maior resistência por parte dos velhos literatos quando se lançou na transição para o socialismo. Tornava-se evidente para os integrantes do Estado e do partido que sem a retomada de uma severa disciplina social e política a China não poderia industrializar-se ou acelerar a modernização da agricultura na rapidez desejada. O fracasso da campanha das "Cem Flores" reforçou o aparelho em detrimento de uma política mais imaginativa e democrática e, no plano internacional, passou a projetar Mao Tse-tung como o defensor da ortodoxia.


Ortodoxia Versus Coexistência


Enquanto a China Popular regredia para um processo de fechamento, que se manifestou na política do Grande Salto à Frente de 1958, atingindo o seu paroxismo durante a Grande Revolução Cultural Proletária em 1966-8, a dialética da desestalinização na União Soviética seguia outro rumo. Após ter cauterizado com ferro em brasa a rebelião húngara e acalmado a turbulência polonesa com o retorno de Gomulka (um herético) à liderança do país, Krushev passou a agitar a bandeira da "coexistência pacífica" com os países capitalistas, especialmente com os Estados Unidos.


Mao choca-se com Krushev
Dando continuidade à sua política de aproximação com o Ocidente, Krushev realiza uma ruidosa e sensacional visita aos Estados Unidos em 1959, onde, em conferência com o presidente Eisenhower, propõe-lhe a suspensão da corrida armamentista.
Para Mao Tse-tung todas estas ações de contemporização e conciliação com o capitalismo pareciam suspeitas. Os dados que falavam de uma crescente superioridade tecnológica e econômica dos países socialistas não condiziam com a realidade chinesa. Além do mais, como representante da ortodoxia, Mao desconfiava que o capitalismo pudesse seguir no futuro uma rota pacífica que descartasse a utilização das armas contra o seu país. A China Popular, por sua vez, ainda estava fortemente impregnada do élan revolucionário, fundamental para emular as massas na construção do socialismo. Nestas circunstâncias pregar a coexistência pacífica significaria desmobilizar os milhões de chineses e desviá-los para o estuário da apatia e do conformismo (como a maioria do povo soviético se encontrava). Era inevitável pois o choque entre Krushev e Mao Tse-tung.
O Rompimento Sino-Soviético
Percebendo a relutância chinesa em aceitar a nova orientação internacional imprimida pela política externa da URSS, o governo soviético anulou em 20 de junho de 1959 o acordo de 1957 sobre os técnicos atômicos e recusou-se a fornecer à China Popular as amostras de bombas e outros dados necessários à fabricação de artefatos nucleares. Logo depois, para refrear o ânimo belicoso de Mao Tse-tung, Krushev manifestou-se favorável à Índia em seu litígio fronteiriço com a China. Desta forma, a cada passo, Krushev repetia o roteiro percorrido por Stalin em 1948 quando anatematizou Tito, o líder da revolução iugoslava, levando-o ao isolamento dentro do movimento comunista internacional.
Os Conflitos Internos no PC Chinês
Os efeitos mais graves desta atitude logo se fizeram sentir na alta hierarquia partidária do PC chinês. Durante a reunião do Plano em Lushan, em agosto de 1959, o ministro da defesa e velho companheiro de armas de Mao Tse-tung, o marechal Peng Te-huai, criticou de maneira contundente o abandono da parte de Pequim da linha de orientação de Moscou, pagando o seu atrevimento com sua desgraça definitiva. De certa forma seu afastamento era inevitável pela concepção militar que Peng Te-huai defendia. Para ele o exército chinês deveria seguir uma trajetória cada vez mais profissional e modernizante. A instrução das tropas deveria obedecer o primado da eficiência no trato do armamento e no conhecimento da tecnologia bélica. Isto só poderia ser obtido mantendo-se estreitos laços de amizade e cooperação com a URSS, que mostrava-se cada vez mais reticente em colaborar. Em seu lugar foi nomeado o experiente líder da guerra guerrilheira, Lin Piao, que defendia uma visão estratégica radicalmente oposta, com ênfase num exército politizado adestrado para a guerrilha. Pode-se afirmar que esta crise em que o Comitê Central do PC chinês dividiu-se entre os pró e contra Moscou, foi o primeiro prenúncio da revolução cultural que avassalou o país, sete anos depois.




O Rompimento Oficial entre Soviéticos e Chineses
Selando a política de "enquadramento" aplicada à China Popular, Krushev ordenou que todos os técnicos soviéticos suspendessem suas atividades e retornassem à URSS. Centenas de projetos de cooperação foram abandonados e todo o setor industrializado avançado do país foi afetado. Fábricas ficaram paradas e muitas obras interrompidas a meio caminho. O ano de 1960 assinalou um momento negro na política de desenvolvimento econômico da China.


Produção de chá

Abandonados por seu grande sustentáculo, os chineses viram-se obrigados a levar a cabo uma implacável revisão das suas prioridades. Nos anos 1961-2 elas serão totalmente modificadas. Dali para frente seria a agricultura que receberia as atenções, depois a indústria ligeira e, em último lugar, a indústria pesada.

Conclusões desta Fase
1. No plano político interno, o período que vai da vitória definitiva dos guerrilheiros de Mao Tse-tung sobre o exército nacionalista do Kuomintang até o rompimento com a URSS, isto é, o período que abarca os anos de 1949 até 1962, afirmou a inquestionável autoridade do partido comunista sobre o continente chinês. Pela primeira vez em mais de um século havia uma autoridade em Pequim que era acatada sem discussões em todo o território do antigo Reino Celestial.
2. Mao Tse-tung tornou-se o líder absoluto do PC e do país, estimulando a versão chinesa do "culto à personalidade" que tão veemente condenado fora pelos soviéticos da era pós-stalinista. Tal culto porém não pode ser entendido apenas como uma manobra publicitária. Havia o reconhecimento quase unânime da parte do povo chinês, independentemente das inclinações ideológicas existentes, que Mao Tse-tung, apesar das medidas duras que tomou, realmente era o líder nacional que havia conseguido fazer cessar a ingerência estrangeira nos assuntos internos, políticos e econômicos, da China, restaurando a dignidade nacional perdida desde a Guerra do Ópio, em 1839.
3. A aproximação inicial da revolução maoísta com a URSS tornou inevitável que a China Popular seguisse os passos da grande potência socialista, adotando uma política econômica semelhante a dos soviéticos, cuja ênfase concentrava-se na indústria pesada mais a coletivização das terras. Situação que começou a ser revertida depois do abandono do modelo soviético de desenvolvimento ocorrido nos anos de 1960.
4. A divisão do bloco socialista causada pela doutrina da coexistência pacífica defendida por Krushev teve largas repercussões, rachando o movimento comunista em duas partes cada vez mais hostis. A China Popular ficou mais próxima dos movimentos de descolonização do Terceiro Mundo, enquanto Moscou continuou sendo vista como a única sede para os partidos comunistas dos países ocidentais. Se os começos foram de aproximação entre as duas revoluções, dez anos depois elas se afastavam para nunca mais voltarem a se associar.
5. O governo revolucionário mudou a imagem que o mundo tinha da China e dos chineses. O antigo reino celestial impotente e humilhado pelos estrangeiros, agora República Popular, tornou-se uma potência que o restante do mundo tinha que levar em consideração, enquanto a figura do homem do riquixá, um animal de carga em forma humana, deu lugar ao militante revolucionário, ativo e enérgico, gritando slogans pelas ruas da China daquela época.


Deng Xiaoping, sucessor de Mao Tse-tung no comando da China. Com 16 anos integra um programa de estudo e trabalho na França, onde adere ao Partido Comunista. De volta ao país passa a organizar forças a favor de Mao Tse-tung. Participa da Longa Marcha com Mao mas depois passa a ser acusado de ser pouco ortodoxo em relação aos princípios maoístas. Em 1966 é demitido do cargo de secretário-geral do partido e submetido à humilhação pública pela Guarda Vermelha. Depois de algumas tentativas frustradas, volta à política depois da prisão da Gangue dos Quatro e da mulher de Mao. Recupera a liderança no final da década de 70 e internacionalmente passa a ser considerado o responsável pela modernização do país. Começa a perder popularidade na década de 80 ao defender posições da ala mais radical do partido. Em 1989 manda reprimir com violência as manifestações pacíficas de estudantes na Praça da Paz Celestial em Pequim.



http://www.coladaweb.com/hisgeral/chinesa.htm


Mao Tse Tung


Mao tse Tung na Grande Marcha


Mao Tse Tung


Prisioneiros em Nanquim


Mao Tse Tung





Campanha das Cem Flores



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SNOW, Edgar - Red Star Over China, Londres, Penguin books, 1977.

SNOW, Edgar - China's Long Revolution, Londres, Pelican, 1977.

SHRAM, Stuart - Mao Tse-tung, Rio de Janeiro, B.U.T., 1968.

SPENSER, Jonathann D. - Em busca da China moderna, Companhia das Letras, São Paulo, 1966

Universidade de Futan-Shangai - El movimiento Yijetuan, Ediciones en Lenguas Extranjeras - Pequim, 1978

Universidade de Futan-Shangai - La revolución de 1911, Ediciones en Lenguas Extranjeras, Pequim, 1978

VILLIERS, P. de - Conhecer Mao, Ática, Lisboa, 1975

Um comentário:

Unknown disse...

é muito bom saber um pouco mais sobre revolução chinesa,achei muito interesante

 
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