26 março 2008

Irã X Iraque

Em dase de elaboração!!!

História da Guerra do Irã contra Iraque


Mapa da Ásia


Mapa do Irã


Mapa do Iraque

Em 1980, Irã e Iraque iniciaram uma guerra sangrenta, que teve forte motivação no fundamentalismo religioso (radicalismo) e na presença dos EUA no Oriente Médio. O conflito, que terminou no dia 20 de agosto de 1988, sem vencedores, é um fato histórico que ajuda a entender importantes conflitos posteriores no Oriente Médio, a exemplo da Guerra do Golfo (1991) e da Guerra do Iraque (2003).

A Guerra Irã-Iraque foi um conflito entre o Irã e o Iraque entre 1980 e 1990. Foi o resultado de disputas políticas e territoriais entre ambos os países. Na verdade se tratava de um problema imposto por Saddam Husseim, que queria ampliar seu território e conseguir aumentar os seus recursos provenientes da extração de petróleo. Se conseguisse expandir suas terras com parte do território iraniano, Husseim sairia da condição de terceiro ou quarto lugar nas exportações, para chegar ao segundo ou até primero lugar, superando a Arábia Saudita. Era um problema dos bastidores entre EUA e a então URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).

Influência dos EUA

Até 1979, o Irã era um dos maiores aliados dos Estados Unidos na região - estratégica por abrigar a maior parte das reservas mundiais de petróleo. Neste ano, o país sofreu a Revolução Islâmica, que resultou na deposição do Xá (imperador) Reza Pahlevi e na posse do aiatolá (chefe religioso) Ruhollah Khomeini como líder máximo do país.

Inicialmente os EUA se posicionaram em favor do Iraque por interesses comerciais que não conseguia obter no Irã que impedia acordos comerciais com os EUA e declaravam claramente sua oposição ao sistema comercial americano, tendo como governante nada menos que um extremista religioso Aiatolá Khomeini. Com a posição americana em favor dos iraquianos, os soviéticos se colocaram em favor de Khomeini por oposição quase que convencional, ou seja, se um lado estiver a seu favor, o outro estará a meu lado.

Xiitas no poder do Irã

O Irã deixava de ser uma monarquia alinhada ao Ocidente para se tornar uma brutal ditadura fundamentalista islâmica. O fato de a população ser de maioria xiita (islâmicos radicais) explica a maciça adesão à revolução. Khomeini defendia a expansão da revolução, o que criou atritos com outras nações do Oriente Médio, e criticava abertamente os EUA, acusando-os de corromper os valores islâmicos.

Conseqüências da Revolução Islâmica

Uma das principais conseqüências da revolução foi o rompimento do Irã com os Estados Unidos, que desde então não mantêm relações diplomáticas. Os americanos se viram sem um de seus maiores aliados. Para compensar a perda do Irã, os EUA se aproximaram do país vizinho, o Iraque, onde o jovem vice-presidente havia tomado o poder recentemente por meio de um golpe de estado. Seu nome? Saddam Hussein. Pois é. Inicialmente, o ditador iraquiano foi um aliado estratégico dos americanos no Oriente Médio.

A guerra começou em 1980 por um motivo que, teoricamente, não seria suficiente para iniciar hostilidades entre Irã e Iraque: o controle do Chatt-el-Arab, um canal que liga o Iraque ao Golfo Pérsico, por meio do qual é escoada a produção petrolífera do país. Embora a margem oriental do canal fosse controlada pelos iranianos, qualquer embarcação podia atravessá-lo sem problemas rumo ao Iraque. Mesmo assim, Saddam Hussein reivindicou o controle total do estreito. Diante da recusa iraniana em ceder seu território, tropas de Saddam invadiram o Irã e destruíram o que era então a maior refinaria de petróleo do mundo, em Abadã.

E assim dois países pobres, altamente dependentes da exportação do petróleo, mantiveram um conflito que se dava principalmente por meio de batalhas de infantaria, custando a vida de milhares de soldados e das populações das regiões fronteiriças.

O Iraque, que sofreu um pesado contra-ataque iraniano em 1982, foi apoiado principalmente pelos EUA e por outras nações do Oriente Médio, como a Arábia Saudita, cujas elites não viam com bons olhos a expansão do fundamentalismo islâmico, representado pelo Irã.

Para invadir o Irã, os EUA queriam um auxílio e neste sentido, a presença e interesses de Husseim eram favoráveis e iam no encontro do interesse norte-americano.

Nos EUA a indústria bélica passou a se enriquecer, pois o Iraque não restringia nada que se referisse à compra de armamentos pesados. Comprava tudo o que estivesse disponível pelos americanos.
Em 1980, quando Saddam Hussein, do Iraque, revogou o acordo do canal de Shatt-al-Arab, mas em troca de garantias, pelo Irã, de que cessaria a assistência militar à minoria curda no Iraque que lutava por independência. Não conseguiu.


presidente iraquiano Saddam Hussein

O Iraque invadiu a zona ocidental do Irã.


Estreito de Ormuz

Fazia pouco tempo que xá Mohhamad Reza Pahlevi havia deixado o Irã e assumido o poder o aiatolá Khomeini, que saira do exílio em Paris e logo proclamou a República Islâmica em Teerã. Komeirni perseguiu seguidores do regime anterior. Imediatamente aviões do Iraque atacaram várias bases aéreas no Irã, danificando apenas as pistas de decolagem. O Irã foi pego de surpresa.


Cidade de Teerã

O Iraque também estava interessado na desestabilização do governo islâmico de Teerã e na anexação do Kuzestão, a província iraniana mais rica em petróleo. Segundo os iraquianos, o Irã infiltrou agentes no Iraque para derrubar o regime de Saddam Hussein. Além disso, fez intensa campanha de propaganda e violou diversas vezes o espaço terrestre, marítimo e aéreo iraquiano. Ambos os lados foram vítimas de ataques aéreos a cidades e a poços de petróleo.

Saddam Hussein, havia montado 12 divisões, com um contingente de 190 mil soldados. Eles foram armados com as mais modernas armas vendidas pelos norte-americanos, mais de dois mil tanques e 450 aviões de combate. Saddam estava convicto da vitória quando ordenou o ataque, ainda mais que os militares iranianos estavam enfraquecidos com a revolução.

O exército iraquiano engajou-se em uma escaramuça de fronteira numa região disputada, porém não muito importante, efetuando posteriormente um assalto armado dentro da região produtora de petróleo iraniana. A ofensiva iraquiana encontrou forte resistência e o Irã recapturou o território.

Interesse por campos de petróleo

Muitos oficiais iranianos haviam fugido, estavam presos ou mortos. Era a revanche de Saddam, que 5 anos antes havia perdido para o Irã a metade da importante região de Shatt-el-Arab, entre os rios Eufrates e Tigre. Além disso, Bagdá queria conquistar uma importante área petrolífera no sudoeste iraniano e Hussein estava convencido de que teria o apoio da população árabe local. Mas o que aconteceu não foi nada disso.

O Iraque conseguiu dominar uma pequena região, que denominou Arabistão, mas não obteve o apoio dos três milhões de habitantes. Enquanto isso, o Irã surpreendia com sua resistência, que durou 8 anos. Mais de um milhão de pessoas morreram, e os dois países tiveram seu desenvolvimento atrasado em várias décadas.

Em 1981, somente Khorramshahr caiu inteiramente em poder do Iraque. Em 1982, as forças iraquianas recuaram em todas as frentes. A cidade de Khorramshahr foi evacuada. A resistência do Irã levou o Iraque a propor um cessar-fogo, recusado pelo Irã (os iranianos exigiram pesadas condições: dentre elas a queda de Hussein). Graças ao contrabando de armas (escândalo Irã-Contras), o Irã conseguiu recuperar boa parte dos territórios ocupados pelas forças iraquianas. Nesse mesmo ano, o Irã atacou o Kuwait e outros Estados do Golfo Pérsico. Nessa altura, as Organização das Nações Unidas e alguns Estados Europeus enviaram vários navios de guerra para a zona. Em 1985, aviões iraquianos destruíram uma usina nuclear parcialmente construída em Bushehr e depois bombardearam alvos civis, o que levou os iranianos a bombardear Bassora e Bagdá.

Irã-Contras

O Irã-Contras foi um escandalo de corrupção envolvendo o tráfico de armas protagonizado pela CIA Americana no ano de 1986. Foi também chamado de "Irangate".

Quem os EUA estava apoiando? Iraque! Mas vendeu armas para o Irã!
Desafiando as leis e o próprio Congresso americano, a agência envolveu-se em negociações para a venda de armas ao Irã. Em troca, os iranianos deveriam interceder pela libertação de cidadãos estadunidenses presos no Líbano.

Parte do dinheiro da venda das armas foi depositada pelos iranianos em contas bancárias da Suíça controladas pelos rebeldes da Nicarágua, os contras, que lutavam para derrubar o governo sandinista. Dessa forma os Estados Unidos financiaram a derrubada do governo soberano da Nicarágua, assim como interferiram de forma criminosa em outros países.

Ao mesmo tempo em que os EUA oficialmente armavam o Iraque, por baixo do pano também vendiam armas para o Irã via Israel. Após sua descoberta, o escândalo provocou o afastamento de vários assessores do governo estadunidense, entre eles o tenente-coronel Oliver North, apontado como o principal responsável pela operação. A opinião pública dos Estados Unidos ficou chocada ao conhecer o lado terrorista da agência de informações de seu próprio país. Na verdade tal escândalo fazia parte da estratégia estadunidense para a guerra Irã-Iraque, já que desejava que ambos os lados se degladiassem de forma a se exaurirem.

O esforço de guerra do Iraque era financiado pela Arábia Saudita, pelos EUA, enquanto o Irã contava com a ajuda da Síria e da Líbia. Mas, em meados da década de 80, a reputação internacional do Iraque ficou abalada quando foi acusado de ter utilizado armas químicas contra as tropas iranianas.

Mobilização de crianças para a tropa

Em poucas semanas, Teerã (Irã)conseguiu recrutar mais de 200 mil soldados, entre eles muitos jovens e crianças. Em 1985, quando o Iraque começou a bombardear alvos civis, na capital, com aviões; depois, com mísseis. O Aiatolá não aceitou a derrota e chegou a mobilizar 500 mil crianças soldados.

Não fosse o emprego de armas químicas pelo Iraque(cuja tecnologia obteve dos Estados Unidos), o Irã poderia ter vencido o conflito. Além de Washingto, Paris apoiou Saddam Hussein.


Soldado Iraniano com máscara contra gás, o Iraque foi acusado

A guerra entrou em uma nova fase em 1987, quando os iranianos aumentaram as hostilidades contra a navegação comercial dentro e nas proximidades do golfo Pérsico, resultando no envio para a região de navios norte-americanos e de outras nações. Oficiais graduados do exército iraniano começaram a perder credibilidade à medida que suas tropas sofriam perdas de armas e equipamentos, enquanto o Iraque continuava a ser abastecido pelo Ocidente.

No princípio de 1988, o Conselho de Segurança da ONU exigiu um cessar-fogo. O Iraque aceitou, mas o Irã, não.

Em Agosto de 1988, hábeis negociações levadas a cabo pelo secretário-geral da ONU, Perez de Cuéllar, e a economia caótica do Irã levaram a que o país aceitasse que a Organização das Nações Unidas (ONU) fosse mediadora do cessar-fogo. O armistício veio em julho e a paz foi reestabelecida em 15 de agosto.

Em 1990, o Iraque aceitou o acordo de Argel de 1975, que estabelecia fronteira com o Irã. Não houve ganhos e as perdas foram estimadas em cerca de 1,5 milhão de vidas. A guerra destruiu os dois países e diminuiu o ímpeto revolucionário no Irã. Em 1989, o aiatolá Khomeini morreu. A partir de então, o governo iraniano passou a adotar posições mais moderadas. Em Setembro de 1990, enquanto o Iraque se preocupava com a invasão do Kuwait, ambos os países restabeleceram relações diplomáticas.





Aiatolá Khomeini

O Lucro dos outros países com a guerra!

O Irã não determinou limite algum para seu orçamento bélico, estando mais preocupado em conseguir armas que competissem em paridade com os armamentos que viam no outro lado.

Deste modo, o confronto entre Irã e Iraque também serviu como forma de comparar armamentos pesados e mesa de testes para analisar os equipamentos tanto por parte dos EUA, quanto por parte da URSS.

De olho neste mercado fabuloso, França, Itália e Inglaterra começaram a produzir armamentos pesados, metralhadoras, armas de multiplicidade, tanques de guerra, caças, entre outros.

Só para se ter idéia do que isso representou, em 1986 o PIB francês tinha mais de 80 % advindos da venda de armas. Os franceses ganhavam muito com a venda de metralhadoras, tanques de guerra, mas principalmente os caças Mirrage que confrontavam com os Mig soviéticos, que tinham ainda os F-5 americanos para terem de superar.

Esta condição permitiu que EUA, URSS, França, Inglaterra e Itália, conseguissem se manter na condição de riqueza e estarem entre alemães e japoneses que apesar de terem sido destruídos na 2a. Grande Guerra, se mantinham como duas entre as três maiores potencias comerciais, algo que se perpetua até os dias atuais.

Mas a guerra imbecil entre Irã e Iraque acabou e dos outros cinco, somente os EUA e a atual Rússia, conseguem se manter no cenário internacional com certa representatividade. França, Inglaterra e Itália, passaram a perder capacidade comercial para China, Índia e Brasil.

Este último só não consegue se engajar no cenário internacional e perde sua oportunidade, por estar enfrentando crises burocráticas, extrema corrupção e falta de capacidade administrativa, impedindo o Brasil de se tornar uma das sete maiores potencias economicas do mundo moderno.

Assita ao vídeo no front de batalha entre irã e iraque
http://www.weshow.com/br/p/18191/conflito_ira_x_iraque_arab


Fotos da guerra:
















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MASSACRE DOS CURDOS

O conflito, travado majoritariamente em solo iraquiano, se caracterizou por vitórias alternadas de ambos os lados, configurando um equilíbrio entre os beligerantes, embora o Irã tivesse uma população três vezes maior. Em 1985, o Iraque teve de enfrentar a sublevação da minoria étnica dos curdos, concentrada principalmente no norte do país. Para evitar um conflito em duas frentes, Saddam resolveu liquidar os separatistas curdos, inimigo mais fraco que os iranianos, de maneira rápida e definitiva. Para isso, usou armas químicas, que mataram cerca de 5 mil habitantes da aldeia de Halabja.

Completamente esgotados, Irã e Iraque cessaram fogo em 1988, por sugestão da ONU (Organização das Nações Unidas). As fronteiras permaneceram exatamente as mesmas de antes do conflito. Desta forma, é possível afirmar que as vítimas da guerra -cerca de 300 mil iraquianos e 400 mil iranianos- morreram em vão.

Depois da guerra, Saddam não obteve mais apoio logístico ou financeiro dos EUA e dos outros países árabes, que deixaram de ver o Irã como uma ameaça a seus interesses. Mesmo assim, o ditador manteve sua política agressiva para com seus vizinhos. A próxima vítima de Saddam foi o Kuait, invadido e anexado em 1990. A ação acarretou a Guerra do Golfo em 1991, opondo o Iraque a uma coalizão liderada pelos EUA, o ex-aliado. Mas essa é outra história.

AMADORISMO NA GUERRA IRÃ X IRAQUE

De qualquer forma, ninguém se arriscaria a apostar tudo numa vitória arrasadora de uma das partes. Embora Iraque e Irã tenham gastado a maior parte de seus petrodólares na aquisição de imponentes arsenais bélicos, nenhum dos dois países havia testado suas Forças Armadas numa guerra total - em ambos os casos, a força militar costumava ser empregada sobretudo contra suas próprias populações. No caso específico de algumas batalhas aéreas da semana passada, acompanhadas pelas estações de radar dos vizinhos Kuwait e Qatar, esse amadorismo saltava aos olhos. "Parecia uma batalha da II Guerra Mundial de tanto tempo que demorava", conta um analista ocidental que observava um confronto de cinco aviões a 10 minutos de distância. "Em lugar de um ataque ultra-rápido, perfeitamente possível com esses jatos modernos equipados de metralhadoras que miram e disparam por meio de sofisticados sistemas de radar, os caças iranianos e iraquianos mergulhavam e giravam feito loucos à procura do melhor ponto de mira. Ou eles não sabem atirar, ou não sabem mirar", concluiu.

Até mesmo o primeiro bombardeio do Iraque contra o aeroporto de Teerã, tão festejado pela imprensa de Bagdá, foi um exemplo de deficiência dos dois lados. Bastou que os quatro Mig envolvidos no ataque pedissem autorização de aterrar em farsi, a língua oficial do Irã, e pronunciassem o código da manobra, para que o espaço aéreo lhes fosse aberto pelos iranianos. Em contrapartida, dos catorze foguetes que os pilotos do Iraque dispararam sem qualquer impedimento por parte do inimigo, apenas três explodiram. Acrescente-se a isso o fato de que o alto comando militar do Irã foi virtualmente decapitado pela execução ou o exílio de seu corpo de generais, logo após a queda do ex-xá, e que o comando militar do Iraque domina mal a logística de uma guerra moderna, e está explicado o porquê do aparente impasse dos combates.

NA FRONTEIRA

Habituado à geografia relativamente simples das guerras entre árabes e israelenses, com o deserto de um lado e as colinas sírias de Golan do outro, o mundo de certa forma esperou que se repetissem as velozes marchas que egípcios e judeus empreendem, desde 1948, pelos desertos do Sinai e do Neguev. A propaganda iraquiana chegou a sugerir que suas tropas marchavam na direção de Teerã. Essa tarefa, por enquanto, é praticamente impossível - a guerra ainda está em torno do quintal da fronteira de cada um, na confluência dos rios Eufrates e Tigre, embora nesta primeira semana os combates terrestres tenham-se travado só dentro do território do Irã, que não conseguiu atravessar nenhum soldado para o terreno inimigo. A cidade de Khorramshar, que Bagdá tomou pelo rádio e depois teve que reconhecer que ainda não estava em seu poder, está praticamente na fronteira entre os dois países. O mesmo sucede com Abadã, sede da maior refinaria do mundo.

A menos que esta guerra pudesse durar de seis meses a um ano, o Iraque, mesmo com sucessos militares, pode ambicionar apenas à conquista da faixa de terra do estuário do rio Karun, onde estão, a pequena distância, Abadã e Khorramshar. Qualquer ofensiva ao norte, onde está Teerã (a quase 600 quilômetros da fronteira), tem de levar em conta um obstáculo mais forte que as Forças Armadas do Irã em qualquer tempo: a cadeia de montanhas dos montes Zagros, região árida e de acesso tão assustador que, em 5 000 anos de civilização, foi ocupada apenas por pastores nômades. A fronteira entre os dois povos, que já se moveu centenas de vezes desde que o persa Ciro tomou Babilônia, perto de Bagdá, há 2 519 anos, favorece o Irã, pois ela termina com as encostas das montanhas e, em território iraquiano, há apenas planícies. Assim, seria teoricamente muito mais fácil que o Exército do Irã, invadindo o Iraque, se aproximasse de Bagdá, a menos de 200 quilômetros, que uma delirante marcha sobre Teerã - que requereria um maciço lançamento de pára-quedistas do outro lado das montanhas, com um gigantesco apoio de equipamentos transportados por via aérea inteiramente fora do alcance do Iraque. O Iraque pode vencer a guerra, mas não tem como ocupar o Irã nem como submetê-lo a uma clássica rendição incondicional.

NENHUMA VITÓRIA

Estrategicamente, o férico tiroteio mútuo sobre as refinarias não leva a guerra a um desfecho rápido. Destruindo parcialmente Abadã, o Iraque não consegue efeitos militares imediatos. O mesmo sucede com o Irã, que arrasou as instalações iraquianas de Basra. A destruição de refinarias, do ponto de vista militar, prepara o enfraquecimento final do inimigo, mas não o acelera - na primeira semana de uma guerra, colocar fora de combate uma esquadrilha de Phantom vale mais que milhares de barris de óleo queimados. Na verdade, o efeito mais visível dessa recíproca fúria contra as refinarias talvez seja fazer com que Irã e Iraque, ironicamente, se tornem os primeiros países a sofrer o racionamento de combustível com que ameaçam o resto do mundo.

Por isso o Irã, mesmo abalado para o futuro com os golpes sofridos, mantém uma capacidade militar imprevisível. Até a manhã de sábado, o Iraque não conseguira nenhuma vitória absolutamente decisiva sobre o que os estrategistas chamam de "os tendões da guerra". Os iraquianos entraram algumas dezenas de quilômetros em território do Irã mas isso não lhes dá grandes vantagens militares. Mesmo o bombardeio das duas capitais pouco significado tem, pois os dois países, atirados em corridas armamentistas de propaganda, dispõem sempre de modernos aviões de combate e de incompetentes sistemas de defesa aérea. A defesa do Irã, no passado manejada por americanos, estava praticamente fora de operação. A do Iraque, quase inexiste. De toda a forma, era inegável que, na primeira fase da guerra, o Iraque detinha claramente a iniciativa, conquistara no território inimigo posições importantes para futuras negociações e golpeara mais fundo a economia e as Forças Armadas do Irã do que fora atingido pela resistência e pelos contra-ataques iranianos.
Assim, a primeira semana de guerra entre os dois países parece destinada a terminar com muita fumaça e grandes lances de propaganda ao lado de pequenos resultados militares. De concreto, há pouco mais que o óbvio: o fato de o Iraque ter ocupado um espaço, ainda que pequeno, do Irã, coisa impensável há dois anos, e, como conseqüência, o fato de o Irã ter aprendido na carne o preço histórico da liquidação de boa parte do comando de suas Forças Armadas - além, naturalmente, de estar pagando o preço pela arrogância do xá que, entre outras coisas decidiu construir a maior refinaria de petróleo do mundo bem na fronteira com seu maior inimigo.
TENTAR A CHANCE - Foi a convicção de que o Irã de Khomeini estava golpeado internamente pelo caos e pelo fanatismo, e se encontrava pela primeira vez maduro para ser desafiado, que levou Saddarn Hussein a tentar sua chance histórica. Ele estimou que talvez jamais se repetissem condições tão favoráveis para o Iraque árabe derrotar o antigo império persa e com isso arrebatar para si o papel de senhor do golfo Pérsico, sem titular desde a saída de cena de Reza Pahlevi. O momento também parecia extremamente propício para Hussein ocupar uma segunda vaga na região: a de líder do mundo árabe, acéfalo desde que o nacionalista egípcio Gamal Abdel Nasser morreu em 1970.

O sucessor de Nasser, Anuar Sadat, decidiu abdicar dessa honra ao ousar tentar uma fórmula de paz com o Estado de Israel. A Árabia Saudita, líder religiosa da causa árabe, também não poderia ocupar nenhuma posição de ponta por falta absoluta de gente - ainda recentemente, teve de iniciar negociações para importação de 10 000 soldados paquistaneses para garantir sua própria segurança interna. Quanto à estridente Síria, sempre pronta a guerras verbais contra Israel, ela não tem petróleo, perdeu todos os confrontos militares nos quais se envolveu e ainda não conseguiu sequer libertar suas próprias colinas de Golan da ocupação israelense. Segundo os cálculos do presidente do Iraque, se ele conseguir obter a devolução para mãos árabes de três ilhotas estratégicas situadas à entrada do vital estreito de Hormuz, abocanhadas pura e simplesmente pelo xá do Irã em 1971, os países da região terão com ele uma dívida de defesa da honra árabe. E também da defesa do escoamento do petróleo do golfo Pérsico, que tem no estreito de Hormuz seu mais delicado gargalo. As três ilhas - Abu Musa, Grande Tomb e Pequena Tomb - controlam a passagem do estreito, cruzado a cada dia por 140 navios, 70% dos quais são petroleiros.

MOBILIZAÇÃO

Se, de quebra, a ofensiva iraquiana conseguir arrancar do Irã, na hora do acerto de contas, uma autonomia maior para as regiões de maioria árabe, além do controle definitivo pelo governo de Bagdá do estuário de Shatt al Arab, a guerra terá valido a pena para Saddam Hussein. O ideal, para o Iraque, seria um rápido congelamento do conflito armado por algum tipo de mediação islâmica antes que suas forças comecem a dar sinais de desgaste. O interesse do Irã, em contrapartida, reside justamente num prolongamento da guerra para permitir que suas deficiências bélicas sejam substituídas por algum tipo de gigantesca, embora caótica, mobilização popular. Afinal, o Irã tem 36 milhões de habitantes contra apenas 12 milhões do Iraque, e parte da resistência a um avanço maior iraquiano na região de Abadã se deve, justamente, a uma participação da população iraniana local na defesa da cidade.
Ironicamente, o político iraniano mais cotado para substituir o aiatolá Khomeini em caso de desagregação de seu regime foi também quem menos compreendeu a profundidade da ferida nacional iraniana no momento. Shapur Baktiar, último chefe do governo da era Pahlevi, e atualmente exilado em Paris, apostou todas suas fichas numa vitória rápida e completa das forças iraquianas e numa conseqüente desmoralização geral do atual regime de Teerã. Na verdade, ele saberia há quase um mês dos planos de invasão de Bagdá e teria feito um acordo com o próprio Saddam Hussein para ser empossado como líder do governo iraniano dos pós-guerra.

Sua força de sustentação era um grupo de ex-oficiais do falecido Reza Pahlevi, chefiados pelo general de quatro estrelas Gholam Ali Oveissi, de 60 anos, ex-chefe do Estado-Maior e atualmente exilado também em Paris. Oveissi é chamado pelos seguidores do aiatolá de "açougueiro de Teerã" porque, em 1978, quando era governador militar da capital, cerca de 3 000 manifestantes contra o xá foram mortos por seus soldados. Segundo revelou a revista alemã Stern, Oveissi comandava uma diáspora de quase 65 000 soldados fugidos do Irã, preparando-os no Egito, em Bahrein, Omã e Iraque para a "hora H" da tomada do poder.


Bibliografia

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http://www.weshow.com/br/p/18191/conflito_ira_x_iraque_arab (acessado em 19/10/2008)

http://bfcentral.oi.com.br/forum/showthread.php?t=36145 (acessado em 19/10/2008)

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